Ilustração de Moacir Martins (clique para ampliar).
Bom, em primeiro lugar não precisa se preocupar em comprar os 3 primeiros números, até porque já fazem 17 anos desde o lançamento da Picabu n° 3.
Mas para quem já conhecia o fanzine dos anos 90, vai ficar contente de saber que além de seguir o mesmo estilo; autores independentes contando narrativas surreais, eróticas e políticas; a PICABU agora virou uma revista de qualidade de 96 páginas em PB com um belo acabamento gráfico.
Nada mais justo, visto que alguns dos mesmos autores de 17 anos atrás estão de volta mais maduros e experientes em sua arte junto com uma nova geração de roteiristas e ilustradores.
E o que, exatamente, você encontra na PICABU?
Bem, tentar decifrar os quadrinhos desses autores é uma tentativa que cabe a cada leitor, pois a maioria delas aposta na capacidade de cada um em se deleitar com o estranho, o bizarro e o simplesmente indecifrável. Em alguns dos trabalhos a sensação é de estar lendo um sonho. Ou um pesadelo.
A revista abre com a instigante “Mathias Rosner”, de Fabiano Gummo, onde o cientista do título desenvolve uma estranha teoria de que, ao tocar nossas vozes ao contrário, elas revelarão mistérios e desejos de nosso inconsciente.
Carlos Ferreira apresenta “Ondas”, onde belíssimas ilustrações inspiradas em xilogravura narram uma tragédia circular.
O mundo de cabeça para baixo é o que inspira a surreal e silenciosa narrativa de Rafael Sica.
Carlos Ferreira retorna mostrando sua versatilidade em um estilo mais convencional, mas não menos talentoso, ilustrando o conto “Telencéfalos” do escritor Leandro Adriano sobre um estudante de medicina que pensa demais ao dissecar um cérebro.
Telencéfalos, de Leandro Adriano e Carlos Ferreira (clique para ampliar).
O erotismo corre solto com os traços de Moacir Ferreira na história com a edição mais "cinematográfica" da revista com um homem, uma mulher e uma ducha.
“Vostok” de Fabiano Gummo, me lembrou o tipo de cena de algumas criativas séries americanas, com diálogos fluídos e inteligentes.
Nik Nevs ilumina as páginas revista com suas ilustrações no estilo linha clara. Com roteiro de Leandro Adriano, “Homem-Sedento” mostra homens-lanterna perdidos no deserto da burocracia.
“Escândalo”, de Rodrigo Rosa é a HQ mais tradicional e crítica da revista. A briga de uma celebridade torna-se foco de atenção da sociedade através da mídia sensacionalista de sempre. A crítica à futilidade da TV e das famosidades já teve HQs demais para se exigir muita originalidade de Rosa, mas os diálogos engraçados, o desenlace irônico mantém o interesse. E a última ilustração joga na nossa cara que a solidão individual é coletiva.
Escândalo, de Rodrigo Rosa (clique para ampliar).
E dá-lhe mais putaria em “Caros Amigos”. Moacir Martins retorna com um triângulo amoroso que termina deixando um dos lados na mão...
Nik Nevs também retorna novamente com seus mágicos, dançantes e românticos homens-lantera. Simpáticos como mímicos. Sim, eu gosto de mímicos.
Magique, de Nik Nevs (clique para ampliar).
“A Contagem”, com roteiro de Guaraci Fraga e desenhos de Rodrigo Rosa mostra o drama de humor negro do menino burro da sala que tem que acertar apenas uma pergunta pra não repetir o ano novamente. No final, ele se revelará mais esperto do que parece.
E Rafael Sica fecha a revista com seus traços originais na cosmética história do homem sem rosto.
Como todo quadrinho independente, os autores da PICABU desafiam seus leitores a explorar narrativas e anti-narrativas intrincadas e complexas como um bom labirinto.
E quem não gosta de se perder em um labirinto?
Interessado? Conheça o blog e entre em contato com os autores.
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revistapicabu@gmail.com
Lembrando que a revista tem conteúdo adulto.
ENQUANTO ISSO...Ainda não deu presente do Dia dos Namorados?
Ainda dá tempo com essas
dicas ultra-caprichadas.E tem post novo lá no
Blog da Capricho.
40.000 VISITAS!
Valeu, gente!
Sempre me esforçando pra fazer um blog decente pra mim e pra vocês!
CIBO MATTO – Know Your Chicken
Esta banda nova-iorquina formada por duas japonesas fazia um rock pop alternativo irreverente e muito gostoso de ouvir como essa canção, que diz pra você conhecer melhor a sua galinha. E elas estão falando da galinha da fazenda, não daquela sua amiga.