sexta-feira, 30 de julho de 2010

DAR CARNE À MEMÓRIA em SÃO LEOPOLDO, RS - Espetáculo de Dança

UM BERRO GAÚCHO - Foto de Marina Camargo
Clique para ampliar.

No encerramento do Prêmio de Criação Coreográfica da Secretaria Municipal de Cultura de São Leopoldo, será apresentado o espetáculo DAR CARNE À MEMÓRIA de Eva Schul, com as coreografias UM BERRO GAÚCHO, HALL OF MIRRORS, CATCH OU COMO SEGURAR UM INSTANTE, SER ANIMAL e DE UM À CINCO.

O produtor é este que vos escreve. Apareçam!

QUANDO: 1º DE AGOSTO – ÀS 19:00 Hs.

ONDE: TEATRO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO – Rua Osvaldo Aranha, 934

ENTRADA FRANCA!

SER ANIMAL com Eduardo Severino - Foto de Sofia Schul

HALL OF MIRRORS - Foto de Marina Camargo

DE UM À CINCO com Viviane Lencina e Luciano Tavares - Foto de Sofia Schul


CATCH OU COMO SEGURAR UM INSTANTE - Foto de Marina Camargo

quarta-feira, 28 de julho de 2010

THE EDITORS - Vídeoclip



Essa banda me foi apresentada por uma leitora no MSN e achei tão boa que resolvi divulgar ela. Banda de “dark indie rock”, The Editors entraram na cena musical em 2002, percorrendo o mesmo circuito de quase todas as verdadeiras bandas de rock: tocando em bares, festas de estudantes, pequenos shows até que em 2005 eles finalmente lançaram seu primeiro CD, The Back Room.

Comparados pela crítica com Joy Division e Echo & The Bunnymen, vale a pena conferir essa excelente banda que tem um dos melhores vocalistas que tive o prazer de escutar nos últimos tempos: Tom Smith.







180.000 Visitas!

Dá pra encher duas vezes o Maracanã... Valeu!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

CAPRICHO 998

"Porque você odeia a humanidade?", perguntou uma fashion victim para outra...

DO DICIONÁRIO DA ADOLESCÊNCIA SEM PÉ NEM CABEÇA – Vol. II


Backstreet Boys. 1. Nome de antigo grupo formado por garotos criados em laboratório. 2. Com o sucesso, diversos laboratórios geraram clones como N’Sync e Five. 3. No Brasil existe um genérico mais barato chamado KLB.

Copa do Mundo. 1. Um monte de homem de tudo que é país correndo atrás de uma bola. 2. Excelente época para pedir prova de amor ao namorado: ou você, ou a Copa. 3. Época em que a maioria das meninas perde o namorado para a TV.

DJ. 1. Abreviação do inglês Disc-Jockey. 2. Jockey vêm de jockey de cavalo, o que quer dizer que ele cavalga os discos, ou a pick-up. 3. Diferentemente dos jockeys de cavalo, os DJs podem ser maiores e mais gordos. 4. Profissão procurada por quem gosta de balada mas não dança um ovo.

Férias. 1. Longo intervalo entre aulas. 2. Período em que o aluno esquece tudo o que aprendeu. 3. Também denominada “Inferno” pelos pais.

Luana Piovani. 1. Atriz super-gata e loira, o que deve ser o motivo que a fez largar o Rodrigo Santoro, que além de bonitão, sarado e bom ator, agora está fazendo filme direto em Hollywood.

Moda. 1. Algo que todo mundo faz igual ou parecido. 2. Conceito usado para vender todo tipo de porcaria de mau-gosto e fazer os consumidores acreditarem que estão abafando. 3. Se você não segue a moda, você segue a moda dos que não seguem a moda.

Orkut. Site criado para se fazer amigos, inimigos e amores. 2. Ferramenta utilizada por ex-namoradas para espionar o que seus ex andam fazendo. 3. Local para passar o tempo e o tempo te passar.

Perfume. 1. Líquido que em contato com o corpo exala cheiro agradável ou muito forte e desagradável, quando a criatura não sabe colocar e toma um banho de perfume. 2. Inventado pelos franceses, que como todo mundo sabe, odeiam tomar banho e inventaram o perfume para disfarçar a catinga braba.

Política. 1. Aquela coisa chata que passa na TV e interrompe a programação em ano de eleição. 2. No Brasil, eufemismo para roubalheira generalizada.

Tom Cruise. 1. Ator comedor de placentas humanas. 2. Ator adepto da Cientologia, uma religião moderna que diz que seus adeptos podem desenvolver super-poderes. 3. Ator ingênuo e que costuma dizer bobagens em entrevistas.

Top Model. 1. Expressão da língua inglesa cuja tradução literal seria “Modelo no Topo”. 2. Modelos femininas entre 12 e 22 anos que se encontram no auge da beleza e da fama, depois disso, viram uns cacos velhos que ninguém quer. 3. Símbolos de status, rock stars e astros de Hollywood costumam usá-las como troféus em festas.

Tudo de Bom. 1. Expressão do Português arcaico dos anos 80; utilizada para desejar boa fortuna ou boa sorte para o interlocutor. 2. Expressão da gíria moderna utilizada para designar exemplar do gênero humano que seja um tesão.

Jerri Dias não tem pé nem cabeça.


sábado, 24 de julho de 2010

PHOBUS - Micro-conto



Você sempre teve medo. Medo da família, dos amigos, da professora, dos colegas. Até de seu cachorro você tinha medo. Você estava se afogando em um medo tão vasto e profundo quanto um oceano. Algo devia ser feito para acabar com todo esse pavor que você sentia. E num certo dia você subiu até o alto de um grande prédio e pela primeira vez não sentiu medo. Sua expressão tranquilizou-se. Você não teve medo da altura. Não teve medo do forte vento. Não teve medo do asfalto duro.

Agosto, 1989

quinta-feira, 22 de julho de 2010

OS SUPER-HUMANOS – EM BUSCA DO FUTURO FANTÁSTICO – Documentário



Parte 2Parte 3Parte 4Parte 5Parte 6Parte 7Parte 8Parte 9

Esse fascinante documentário do DISCOVERY CHANNEL, feito usando uma estética de quadrinhos e um tom meio sensacionalista, que diminui um pouco de sua seriedade, mostra pessoas reais com habilidades incríveis. Algumas nasceram assim, outras treinaram sua mente para serem diferentes e no futuro não tão distante, de acordo com o documentário, implantes tecnológicos e modificações genéticas poderão estar disponíveis ao público comum.
Mais rápido? Mais forte? Mais resistente? Mais inteligente? Imortal?

Quem tiver dinheiro para pagar, verá!

E tem gente que acha que não dá para virar super-herói...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

CAPRICHO 998 - Não Publicada



X-MENINA

Paula foi assistir X-Men 3 com a galera, mal prestou atenção no filme e nem viu o final depois dos créditos pois toda hora ficava falando bobagem e recebendo e mandando mensagens pelo celular. Mas ela se arrependeria.

Eram 6:30 da manhã do dia seguinte quando ela acordou para a escola. Como de hábito, ficou 15 minutos a mais na cama e sua mãe mandou Laco, seu irmão, ir puxar os cobertores dela. P... da vida, Paula xingou Laco e foi escovar os dentes. E foi aí que as coisas começaram a acontecer.

Quando se deu por conta, ela havia escovado os dentes, feito xixi, tomado banho, secado os cabelos, feito chapinha e maquiado-se em apenas um minuto. Sua mãe e Laco não acreditaram quando a viram pronta para a escola. Normalmente Laco teria que derrubar a porta do banheiro a chutes para ela sair.

Ainda confusa com o que tinha acontecido, Paula mal teve tempo de pensar no que tinha acontecido no banheiro, pois sua mãe já estava empurrando os dois para o carro.

No colégio, Paula decidiu manter seu segredo, mas quando ela fez a prova de Matemática em 1 minuto e 34 segundos, todo mundo achou que ela tinha entregue a prova em branco, mas não, todas as questões estavam respondidas. Mais tarde o professor lhe daria um 5,5 na prova, o que prova que rapidez não tem nada a ver com saber matemática. Mas naquele momento, Paula ainda estava fascinada com esse poder estranho que ela não sabia de onde tinha vindo. Súbito, ele lembrou-se vagamente de uma personagem no filme que também tinha super-velocidade.

Seria Paula uma mutante? Mutantes existiam?! Ela decidiu que tinha que prestar mais atenção em filmes e nas lições de genética na aula de Biologia.

No intervalo, mais um incidente: um bullie roubara um chocolate de um menino e sem pensar, Paula pegou o chocolate da mão do bullie e colocou de volta na mão do menino. Isso tudo tão rápido que ninguém a viu fazendo isso! O problema é que o bullie pensou que o menino é que tinha arrancado o chocolate de sua mão e por isso deu mais uns cascudos no moleque e roubou o chocolate de novo. Depois disso, Paula achou melhor não se meter mais nessas coisas.

Já na aula de Educação Física, a professora resolveu colocar as meninas para correr. Ainda sem muito controle de seu poder, Paula tentou ir o mais devagar possível, mas a velocidade do vento que ela gerou dando voltas na pista, acabou criando um pequeno tornado no pátio da escola, causando algum estrago e fazendo com que as aulas fossem suspensas, assim como Paula, que voltou para casa com um bilhete da diretora e uma conta-monstro para os pais dela pagarem pelos estragos.

É, vida de x-menina não é fácil...


Jerri Dias é mutante e sofre preconceito por causa disso.


quinta-feira, 15 de julho de 2010

ROMA – Série de TV

Clique nas imagens para ampliá-las.

Depois dos filmes SPARTACUS (1960) de Stanley Kubrick e GLADIADOR (2000) de Ridley Scott, eis que surge uma série excepcional mostrando toda a glória e o esplendor da Roma dos Césares. E também toda sua sordidez e podridão.




Abertura da série. Excelente composição de Jeff Beal.

Como os dois filmes supracitados, ROMA também é livremente baseado em fatos históricos. Ou seja, vários personagens são reais ou baseados em pessoas que existiram, mas quase tudo foi alterado para dar uma maior dramaticidade à série e as suas personagens. Então, não leve ROMA a sério historicamente falando. Talvez a única coisa que se possa levar a sério são os hábitos e costumes romanos mostrados ao longo da série, que chegam a ser quase tão fascinantes quanto a narrativa em si.


A História é feita de sangue...

Durante as duas temporadas (22 episódios – 52 min cada), acompanhamos a vida de imperadores, rainhas, nobres, legionários, assassinos e escravos. Dezesseis atores e atrizes interpretam os papéis principais desse épico televisivo da excelente HBO, que foi um dos melhores e mais caros já produzidos. Cada episódio custava por volta de 10 milhões de dólares. O equivalente ao filme LULA, O FILHO DO BRASIL, o filme mais caro já feito por aqui. Infelizmente, a excelência da produção foi o calcanhar de Aquiles da série, e o alto custo foi principal motivo pelo qual ela foi cancelada, segundo executivos da HBO.


Cenários imensos foram construídos nos estúdios da Cinecittá, na própria Roma.

A série ganhou admiradores e fãs no mundo inteiro, por reviver, além da realeza e suas intrigas, os habitantes comuns de Roma, que vão desde jovens prostitutos até legionários veteranos de guerra e seu drama diário na luta pela sobrevivência em uma sociedade que lutava para ser civilizada, mas que frequentemente perdia essa luta. Qualquer semelhança com a nossa realidade, não é mera coincidência.


Polly Walker interpreta Atia de Julii.
Se você precisa de um vilão na série, é ela.

O maior diferencial da série, fora evidenciar cidadãos comuns, é que ao contrário de quase tudo o que foi feito sobre Roma em termos de cinema e TV até hoje, é que as mulheres; na visão do roteirista Bruno Heller e dos criadores da série (John Milius, diretor de CONAN, O BÁRBARO, entre eles); é que foram as principais articuladoras ou responsáveis (mesmo que por outros motivos) pelos principais fatos históricos (ou não), que ocorrem no seriado. Incluindo aí, o próprio assassinato de César e a ascensão do imperador Augusto. A paixão, crueldade, frieza e inteligência das personagens femininas são o coração de ROMA.


A bela atriz indiana Indira Varma é Niobe, esposa de Lucius Vorenus.
Uma mulher comum, mas que guarda um terrível segredo de seu marido.

Um dos outros grandes trunfos da série e do roteirista Bruno Heller foi trazer à série os dois únicos legionários citados em um livro escrito pelo próprio Júlio César: A Guerra da Gália (ou Comentários da Guerra Gaulesa). Geralmente, em antigos documentos históricos como esse, apenas personalidades extremamente conhecidas são citadas (nobres, reis, rainhas), mas Júlio César dedica algumas linhas para contar a história de dois centuriões chamados Titus Pullo e Lucius Vorenus, que de rivais, passam a ser amigos. E só.


Ciarán Hinds é Júlio César, político até a medula e James Purefoy é Marco Antônio, um homem comum que vê na política, mais do que qualquer outra coisa, os meios para satisfazer sua luxúria.

Já na série, Titus Pullo (Ray Stevenson, recentemente visto O Livro de Eli) e Lucius Vorenus (Kevin McKidd, recentemente visto em Percy Jackson) são o elo de ligação entre todos os outros personagens e durante toda a série, eles estarão envolvidos em todos os grandes fatos históricos do período: Da Guerra da Gália à derrota de Cleópatra no Egito.


Lucius Vorenus (Kevin McKidd).
O mais nobre e honrado dos personagens de ROMA.
E um dos mais interessantes.

Titus Pullo e Lucius Vorenus são concebidos, como muitas duplas de personagens, como água e vinho: sendo Pullo um hedonista (que vive para os prazeres imediatos da vida) e Vorenus um estóico (que acredita na honra e no dever). Cada qual, ao longo da série, pagará um preço por ser do jeito que é, enquanto tentam aprender, mesmo que sem admitir, um com o outro. Se as mulheres são o coração da série, Pullo e Vorenus são a alma. Heróis e homens strictu senso, a jornada de Pullo e Vorenus é umas das mais emocionantes, trágicas e comoventes que já tive o prazer de assistir.


Titus Pullo (Ray Stevenson)
Violento, bêbado, mulherengo.
Não tem como não gostar dele.

Eu poderia escrever parágrafos e mais parágrafos sobre vários outros personagens igualmente densos e surpreendentes, além das excelentes cenas de ação extremamente violentas, as cenas eróticas, a direção de arte genial e os figurinos, mas vou deixar a série falar sobre si mesma.


Max Pirkis é Gaius Otávio, futuro imperador Augusto.
Criado friamente pela mãe Atia de Julii para ser um líder.
Vai dar certo, mas...

E ao fim dos créditos do último episódio, emocionado com tudo o que havia acabado de assistir, me dei conta que a série, principalmente com toda sua intriga, corrupção, falsidade e personagens sedentos de poder, fortuna e dispostos a arruinar e destruir vidas sem piedade, com alguma atualização, poderia se chamar... BRASÍLIA.

Em tempo: a série foi cancelada, mas o roteirista da série, Bruno Heller, tem um roteiro de longa-metragem pronto desde março desse ano e a pré-produção já está sendo realizada pela produtora Morning Light Productions. Ave, Bruno!


Trailer da série.

Interessou?

Alugue na sua locadora.
Compre clicando nos banners do Submarino aqui no blog.
Conheça mais sobre a série aqui.
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900 Seguidores!

Ainda não dá pra formar uma legião romana, mas a gente chega lá ;-)

domingo, 11 de julho de 2010

PIXELS – Curta




E se New York fosse invadida pelos antigos games da Atari?

Segundo li, Adam Sandler vai estrelar o longa metragem baseado neste criativo curta dirigido por Patrick Jean.


ENQUANTO ISSO...

E para quem mora em São Paulo, meu amigo Yanto Laitano (leia entrevista e veja clips aqui) vai fazer um show gratuito no SESC Consolação. Se liga:

Yanto Laitano

SESC Consolação

Dia 13/07

Terça, às 19h30

O gaúcho faz um rock tocado por um trio de piano, baixo e bateria. Utilizando elementos do rock dos anos 70, ragtime, jazz e música brasileira, o músico inova ao fazer um rock sem guitarras que soa agradavelmente pop. Com Yanto Laitano (voz, piano e hammond), Filipe Narcizo(baixo e voz) e Duda Cunha (bateria, percussão e voz). Na Convivência.

ENTRADA GRÁTIS


sexta-feira, 9 de julho de 2010

CONSERVADORA OU REBELDE? - Humor

Esse é rebelde...

Mudanças são inevitáveis na vida. Mas tem gente que odeia. Descubra aqui se você é...

CONSERVADORA OU REBELDE!

1. Um dia você acorda e descobre que menstruou pela primeira vez. Você...

a) Fica feliz e vai imediatamente contar para a sua mãe, sua irmã, suas amigas e postar nas redes sociais , mas não antes de passar correndo no banheiro para tomar banho e colocar um absorvente.

b) Fica odiada da vida porquê nessa fase, menina não pode lavar o cabelo, bater bolo, nem plantar nada.

2. Seus pais te anunciam a separação. Você...

a) Fica contente por eles e principalmente por você, que já não aguentava mais ver eles brigando o tempo todo.

b) Fica louca e começa a queimar as coisas dentro de casa na esperança de fazer eles se unirem para te visitarem juntos no hospício.

3. Sua escola adota um uniforme. Você...

a) Deixa o uniforme do jeito que comprou.

b) Imediatamente customiza ele para ficar sexy como naquela novela paraguaia, ato seguido por todas as suas colegas.

MAIS A

Rebelde – Tomar banho ou lavar o cabelo durante a menstruação era perigo de morte ou de ficar louca no tempo da sua avó, só as que desafiavam a autoridade materna tinham coragem de fazer isso; achar que pais separados também são bons pais mostra que você não pensa como todo mundo e por isso mesmo, está fora dos padrões comuns e não mexer no seu uniforme só porquê todo mundo está fazendo igual mostra que você não se deixa influenciar por modas passageiras que daqui há alguns anos vão ser sinônimo de mico.

MAIS B

Conservadora – Se você vivesse no tempo da sua avó, iria aceitar todas as baboseiras que ela te diria; não suporta mudanças na sua vida e acha que pais juntos e brigando são melhores que pais separados e amigos e acha que se na novela as mocinhas usam a calcinha por cima das calças é porquê elas são maneiras e você tem que ir correndo comprar a calcinha com o logo da novela porquê você quer ficar do jeito que a TV mandou você ficar.

Jerri Dias está naqueles dias.



Coluna publica na Capricho 997.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ROBINSON PEREIRA - Entrevista

Robinson Pereira, escritor.

Conheci o Robinson Pereira no final de 2008 através de e-mail. Acho que ele me achou através deste blog e falou que era escritor de livros de espionagem e me mandou um livro pra eu ler. SOUVENIR IRAQUIANO. Eu gostei e fiz uma crítica. Agora o Robinson está lançando mais um livro de espionagem que deve ser tão bom ou talvez até melhor do que o SOUVENIR. Mestre em Literatura pela UFSC, sua pesquisa na universidade foi exatamente sobre a possibilidade do gênero de espionagem dentro da literatura brasileira.

Agora, conheça um pouco mais desse escritor e de sua paixão literária...

De onde surgiu a vontade de ser escritor?

Acho que isso foi uma coisa muito natural em minha vida. Desde os oito anos que eu curtia muito fazer histórias em quadrinhos. Nunca me vi, ao longo de toda minha vida – e hoje tenho 42 anos – distante do ato de contar histórias. Sempre me encontro absorto, imaginando uma história.

Porque escrever SOUVENIR IRAQUIANO, um thriller de espionagem, em um país onde 99% dos escritores preocupam-se quase que exclusivamente com o lado psicológico ou social de suas personagens e narrativas?


Gosto do tema. Gostei bastante, quando garoto, de 007. Vi no cinema “O Espião que me Amava”, com o Roger Moore. Isso foi em 70 e pouco, não foi? Antes, era fã do Mickey, mas somente das histórias nas quais ele era detetive. O nome Ian Flemming me despertava muita curiosidade antes mesmo de ler ou ver qualquer coisa sobre James Bond, apenas de ouvir falar.
Com o tempo – e isso foi um pouco antes de começar a escrever o Souvenir, que aconteceu em 1999 – eu fui me incomodando com o fato de não haver um imaginário do gênero no Brasil. Ficava realmente incomodado com isso. Sempre ouvia falar de espião no Brasil de forma pejorativa – odeio o apelido “araponga”.

Em 1988, quando saí da Academia Militar das Agulhas Negras e decidi fazer Comunicação Social (queria ser publicitário porque achava que me levaria mais para perto de aprender a lidar com vídeo, roteiros, etc), comprei um livro do Nelson Lopes, um jornalista brasileiro especialista em indústria bélica brasileira nos anos 80 do século passado. O assunto me interessava, era filho de militar, ouvia muito falar de Urutu, Cascavel, Taurus, Astros, essas coisas. No livro vi que o Brasil não estava muito longe dos eixos das grandes tramas de espionagem internacionais.

Isso me deixou mais incomodado ainda. Tinha (tenho) a impressão de que há um preconceito com a ideia do brasileiro poder ser um 007, ser um forças especiais... Poxa, no Exército, vi que americanos, franceses e ingleses vinham treinar aqui um monte de técnicas de combate. Saquei que o preconceito não procedia. Pior ainda, saquei, analisando a nossa história, que o nosso SNI foi treinado pelo MI6 e pela CIA, e que os caras fizeram um serviço muito efetivo (sem julgamento), pois desmantelou a nossa esquerda. Ou seja, não dá para chamar os caras de “araponga” querendo debochar, se na verdade os caras saíram por cima.

Tenho receio de falar isso e parecer ser alguém de direita. Muito pelo contrário. Espionagem e repressão existe em qualquer lado, desde a Kriptéia da Grécia antiga até a KGB da União Soviética, na Guerra Fria, e os serviços que ocuparam o seu lugar no novo modelo de sociedade russa. Onde quero chegar é que não dá para tapar o sol com a peneira, sei lá por qual motivo, e dizer que não temos histórias ligadas à espionagem.

O meu livro A Fronteira, que está disponível para download no meu blog prova isso. É todo baseado em fatos reais. O Souvenir Iraquiano, de certa forma, também. Tenho um projeto de romance baseado em uma operação de espionagem deflagrada pelo Brasil no Suriname. Uma coisa real. Por que não escrever sobre isso?

Daí comecei a procurar escritores do gênero no Brasil, e entender melhor o gênero e por que ele não se disseminou em outros países que não os de cultura anglo-saxônica. Daí saiu meu mestrado.

Capa do livro.

A crítica e os leitores receberam bem seu livro? Ainda existe um certo preconceito contra literatura "escapista", mesmo que não seja o caso de SOUVENIR IRAQUIANO?

Que existe esse preconceito, existe. A crítica adora ouvir alguém dizer que não busca inspiração, para seus livros, em outro lugar que não seja a sua própria existência. Poxa, então quem é que vai dizer de quem é a melhor ou a mais importante existência? Quem pode dizer que a vida de fulano ou de beltrano é mais literária? Na verdade, quando você senta para escrever um romance de espionagem, ou um thriller qualquer, a sua única intenção é entreter o leitor. Para isso, é preciso suar bastante. Isso requer muita pesquisa e trabalho duro. Não se produz esse tipo de literatura com trabalho intuitivo.

É engraçado que o mercado editorial brasileiro se apoia muito em livros-verdade, auto ajuda, etc, e produz sucessos como Bruna Surfistinha. Só que eu pergunto: quem é capaz de provar que ela não era uma personagem apenas? Qual o problema em criar uma “Michelle Tentação” e vender como se fosse autobiográfico? Basta perder algumas semanas lendo contos eróticos na internet, aqueles que teoricamente são contados pelos leitores, para ter uma seleção no imaginário sexual médio e daí ousar um pouco e produzir uma nova personagem “real”, contratando uma atriz e mantendo a farsa em segredo. Mas a idéia não é exatamente essa, não é? Eu quero escrever spy fiction porque sei, através de pesquisa, que temos muitas histórias boas para contar.

Li que existem planos para um filme... Se existe, em que ponto está esse projeto?

Um roteirista e um produtor demonstraram interesse pelo livro, mas ainda está apenas no campo da conversa. Não há nada sólido.

Fale sobre suas obras anteriores:

Eu escrevi um romance beatnik chamado Diário de Um Intelectual à Deriva, um verdadeiro livro de bolso. Dá para encontrar exemplares novos em sebos on-line, para quem tiver curiosidade. Escrevi também o argumento do curta-metragem “Atraídos”, produzido em 35mm, com o Herson Capri e a Flávia Monteiro.

Algum novo projeto em andamento?

O romance A Fronteira, também de espionagem, está concluído e pode ser baixado no meu blog. É uma história que se passa na África, no início dos anos 1980, envolvendo guerrilhas africanas, a CIA, o Mossad e o SNI. É todo baseado em fatos reais. Eu poderia dizer que o livro trata de fatos que precederam o assassinato do jornalista brasileiro Alexander V. Baumgarten. Estou agora trabalhando agora em um romance de guerra e espionagem ambientado na Guerra das Malvinas e 20 anos depois. Tive apoio da nossa Marinha de Guerra para a pesquisa do livro. Devo concluir em alguns meses. O próximo trata de uma operação secreta do serviço de inteligência do Brasil no Suriname, que resultou em um incontrolável banho de sangue. Também baseado em fatos verídicos.

Lançamento no dia 20 de julho.
Faça o download do livro completo aqui.
Ou encomende direto com o autor através do e-mail: textosecreto@gmail.com


Qual a maior dificuldade, para você, em ser escritor? Emocional e financeiramente falando...

A dificuldade é encontrar espaço em um meio em que as traduções são mais valorizadas porque já chegam ao Brasil com todo o trabalho de marketing já feito. Os agentes literários e editoras não estão nem aí para os valores nacionais emergentes, simplesmente porque não querem correr riscos. Não é difícil escrever acima da média dos Best-sellers internacionais do gênero. O difícil é conseguir alguém que aposte e faça o trabalho de marketing para divulgar e vender o livro. Por isso os nomes que despontam em nossa literatura geralmente já são consagrados em outros setores, ou são extremamente oportunistas.

Robinson está ansioso para saber o que os leitores acham do seu novo livro...


Se gostou da entrevista, não deixe de acompanhar o blog Texto Secreto.