sábado, 30 de agosto de 2008

CAPRICHO 936

O bardo Chatotorix, personagem dos álbuns de Asterix, de Gosciny e Uderzo.



Fiquei com muita pena daqueles pobres coitados que não sabem cantar uma garota (CAPRICHO 930). Pois aqui vão as dicas de um expert, as minhas...



10 MELHORES CANTADAS!



1. Chegar na menina cantando “I Will Always Love You” da Whitney Houston. Se ela não for uma metaleira, tá no papo.



2. Falar para ela que ela lembra muito sua falecida mãezinha.



3. Pedir para ela se afastar porquê você é cardíaco e seu médico disse para que se mantivesse longe de fortes emoções.



4. Se você estiver em dia com a academia, faça um spacatto no meio da pista, para mostrar seus dotes de Van Damme. 100% Garantido.



5. Diga que nem um microscópio eletrônico conseguiria achar imperfeições na pela dela. Essa é válida para estudantes de biologia.



6. Se a menina é da Ford Models, diga que as outras todas parecem Volkswagen Models perto dela.



7. Diga que por ela você deixaria de fumar crack e transar sem camisinha.



8. Diga que ela é a Flor e você a Abelha; que ela é a Fechadura e você a Chave; que ela é a Parede e você o Prego. Meninas adoram metáforas poéticas.



9. Pergunte se ela não quer ser a mãe de seus filhos com outras mulheres.



10. Chegue elogiando seus pés, suas pernas, seu bumbum, seus peitos...



Jerri Dias pratica suas cantadas no chuveiro.

sábado, 23 de agosto de 2008

THE INTERNATIONAL PEOPLE’S COLLEGE - A FACULDADE INTERNACIONAL DOS POVOS

Eu, no pátio lateral do IPC (e da minha casa) em dezembro de 2005. Atrás tem uma quadra de esportes ao ar livre que não era muito usada nessa época....

Se você ainda não sabe o que quer fazer da sua vida, ou quer uma experiência única para toda a vida, ou já fez de tudo mas ainda quer mais, este post pode te interessar, especialmente se você tiver entre 17 e 65 anos (não, eu não errei as idades).

Você gosta ou gostava de ir à escola? Se você é uma pessoa normal, provavelmente respondeu não. Não que a escola seja um lugar tão horrível assim, mas é que sendo o objetivo principal da escola fazer com que você aprenda, nesse sentido a maioria das escolas falha miseravelmente, pois a maioria dos alunos só estuda o que vai cair na prova e esquece tudo logo depois. E se a escola consegue ter alguns professores bacanas que te façam gostar de estudar, você ainda tem que lidar com acordar muito cedo ou ficar à tarde toda na aula, sem falar nas provas, aulas lotadas, bullies, colegas chatos te julgando e analisando qualquer coisa que você faça ou diga, professores chatos, lei do silêncio, recuperação, repetir de ano e por último, a violência real que anda invadindo as escolas hoje em dia. Eu sempre achei escolas presídios em miniatura e o atual estado de ensino neste e em vários outros países só contribui para este meu ponto de vista.

O mesmo pátio, em junho de 2004. Dentro do campus da escola ainda tem um pequeno lago e um bosque com uma cabana utilizada por antigos estudantes que estão sempre passando por lá para revisitar a escola.

Graças a Palas Atena, deusa da sabedoria, nem tudo está perdido e escolas que ensinam de verdade e onde os alunos vão de livre e espontânea vontade existem. Escolas modernas com novos métodos de pedagogia e educação libertária existem já há quase 100 anos e a partir dos anos 60 elas proliferaram.

Uma dessas maravilhosas escolas é a The Internacional People’s College (IPC), onde tive o prazer de estudar um semestre em 1996 e em 2004 voltei para lecionar por um ano como professor estagiário.

Situada em Elsinore, Dinamarca, o IPC é uma escola voltada para a congregação de valores universais de fraternidade e conhecimento sem nenhum vínculo religioso ou político. A escola foi fundada em 1921, três anos após a 1ª Guerra Mundial, abrindo para alunos e professores de toda a Europa, numa tentativa de congregar pessoas do maior número possível de países para que elas vissem que seu vizinho, fosse ele alemão, francês, grego ou de qualquer raça, era tão humano quanto ele e que guerra deveriam ser coisa do passado. Isso parece óbvio para qualquer pessoa racional, mas se ainda hoje há milhões de pessoas que não acreditam nisso, imagine naquela época, onde o patriotismo era muito mais exacerbado. De lá para cá, a escola foi angariando mais e mais simpatia de pessoas e autoridades através dos anos e em 1996 o IPC foi eleito Embaixador da Paz pela ONU (uma bandeira no pátio principal marca o evento até hoje).

Pátio dos fundos do IPC. Daá pra ver a cabana no meio do bosque e o lago congelado. Esse prédio em primeiro plano são os quartos dos estudantes. Quando estudei ali em 1996, essa era a vista do meu quarto.

A escola só ficou fechada durante a 2ª Guerra Mundial, invadida pelos nazistas, que não gostaram nem um pouco daquele lugar pacifista e anti-racista.

Hoje o IPC conta com cerca de 10 professores (de dinamarqueses a cubanos) ensinando uma média de 40 matérias diferentes para cerca de 100 alunos com idades que variam entre 17 e 60 anos, vindos de 35 países diferentes, por semestre. Mas a grande maioria dos alunos tem entre 18 e 28 anos.

Saca só algumas das matérias (que mudam de acordo com os professores):

Banda de Música (para você fazer a sua própria banda de rock, folk, jazz ou seja lá o que você curtir)

Produção de Vídeos (Produza, grave e edite seus próprios filmes)

Fórum de Debate Mundial (Para entender o mundo em que vivemos)

A Vida e O Pensamento Asiático (dispensa explicações)

Esportes

Teatro

Inglês

Comportamento Intercultural (conhecendo e interagindo com outras culturas)

Estudos Latino Americanos (olhando para o nosso umbigo)

Informática e a Era Digital

O Castelo de Kronborg, onde se passa a peça HAMLET de Shakespeare, fica perto do IPC. Hamlet existiu de verdade. O castelo é uma loucura, mas o melhor são as catacumbas escuras típicos de filmes de terror.

Bom, tem muito mais cursos do que isso, mas já dá pra ter uma idéia. Agora vem o mais interessante. Tudo isso são aulas teóricas e práticas e na maioria delas, teoria e prática acontece ao mesmo tempo. Lá não tem essas de ficar ouvindo o professor falar durante intermináveis minutos com você quieto lá no fundo, até porque as turmas variam de 5 à 20 alunos, ou seja, não tem onde se esconder e sua participação é “exigida” na forma de trabalhos que mais parecem diversão, até porque fazer um trabalho de grupo com um inglês, uma chinesa, um mexicano e uma lituana que tem uma cultura tão diferente da sua não é a mesma coisa que você faz ou fazia com seus colegas de aula. Isso sem falar que você escolhe as aulas que quer ter (não gosta de acordar cedo, não precisa) e as únicas provas e testes a que você será submetido é quem faz mais pontos em ping pong ou quantas baladas você consegue ir na mesma semana. Sim, não existe nenhum tipo de teste. E no final você ganha um certificado com todos os cursos que você fez, o que conta muitos pontos no seu currículo, seja acadêmico ou se candidatar a um emprego. Aqui no Brasil as pessoas te olham com outros olhos quando você diz que estudou no exterior, acreditem.

Se você chegou até aqui você deve estar interessado(a) em como fazer para estudar nessa escola ou até achando que só ricos estudam lá e que você não tem a menor chance de estudar lá. Sendo de uma família de classe média baixa, eu também achava assim quando ouvi falar da escola. Eu estava enganado.

Esta é a minha amiga Mako, do Japão, vestida para o Dia Cultural do Japão. Todos os alunos tem um dia para apresentar coisas típicas e não-típicas do seu país. Eu sempre critiquei muito o Brasil por lá, mas também elogiava quando dava...

Bom, é claro que, apesar de acessível, o IPC não é barato, afinal estamos falando de uma escola dinamarquesa, um dos países “mais primeiro mundo” que existem. Mas digamos que você vai estudar numa faculdade em outra cidade, como muita gente faz. Aluguel, alimentação, transporte e mensalidade da faculdade vão te custar o dobro do que você gastaria lá. Só que lá você está num país estrangeiro, aprendendo inglês e mais uma dezena de cursos que você provavelmente nunca faria aqui. No IPC você mora, come, estuda, faz esportes e até baladas (sim, tem uma danceteria no porão) dentro da própria escola. Quase um Big Brother, mas sem câmeras e você sai à vontade

Quer conferir os preços para ver se é verdade?!

24 semanas = R$ 10.000,00 (não se assuste, continue lendo)

1 semana = R$ 420,00

Bom, essa é a duração do semestre na Primavera, no Outono dura menos e é mais barato. Mas você tem ainda a opção de escolher quantas semanas quer ficar, mas eu aconselho a tentar ficar todo o semestre, seja no Outono ou na Primavera, porque senão é aquela coisa, uns poucos vão embora e todos os seus amigos ficam. Evite isso à todo custo. Como eu disse, a escola acaba sendo como um Big Brother e 100 pessoas vivendo juntas o dia interio durante várias semanas acabam criando laços extremamente fortes de amizade e amor (sim, muitos casais se formam e desfazem, mas alguns até se casam).

Este é meu amigo Tom, da Inglaterra. Ele fez 18 anos lá e comemoramos com uma grande festa. Depois organizamos uma balada no porão chamada TOM & JERRY’S PARTY. Foi muito engraçado, até porque ele encheu a cara nos primeiros 30 minutos da festa e caiu duro.

Agora o grande lance, desde 1990, e ainda era assim em 2005, quando eu saí da escola, existe um desconto especial para estudantes de países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. O desconto é de 50% e assim o preço fica em:

24 semanas = R$ 5.000,00

1 semana = R$ 210,00

Detalhe: você pede uma bolsa integral quando preenche a sua ficha de inscrição e aí eles te dão esse desconto. Se não pedir, não leva.

Claro que os preços variam de acordo com o dólar, mas pelo dólar de hoje é isso aí. Parece cara, mas comparando com tudo o que escola oferece, que além das aulas, é um experiência para toda a tua vida que te garanto, você vai lembrar com muita, mas muita saudade.

Claro, ainda tem as passagens, que não são baratas, mas que dá pra fazer em até 10 vezes e também uma graninha extra para você poder passear um pouquinho, mas tudo compensa em dobro e um pouco mais.

Eu queria falar milhares de coisas boas da escola, que as pessoas são bacanas, que tem telões de cinema na escola, que neva, que faz calor, que você anda de trem, que a comida é ótima e os livros custam a metade do que custam aqui no Brasil (em inglês), mas eu vou deixar esses e outros maravilhosos detalhes para que você me pergunte se estiver interessado(a) em saber mais ou mesmo estudar as melhores semanas das sua vida por lá. Te passo tudo o que eu souber e até o que eu não souber.

E visite o site para mais informações e fotos da escola:

IPC

Ott, da Estônia, eu e Koji, do Japão, na Noite Cultural do Japão.

Sayonara.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

CAPRICHO 935


Fiquei animado com a reportagem Voando Alto (CAPRICHO 928) e decolei para fazer um...

INTERCÂMBIO NOS EUA!

1º DIA

Querido diário, desembarquei em Nova York e meus novos “pais” não apareceram para me pegar. Deve ser porquê eles moram em Los Angeles, do outro lado do país. Bem que me avisaram que a Vovó Mafalda Tour era a maior furada.

10º DIA

Cheguei. Meus “pais” são super-ocupados e nunca estão em casa. Amanhã começam minhas aulas na faculdade de cinema.

24º DIA

Os americanos falam inglês muito rápido, é muito diferente daquele intensivo de uma semana que fiz antes de embarcar. Lá o pessoal falava tudo devagar.

28º DIA

Meus “pais” voltaram de uma produção que estavam fazendo na Europa e viajaram de férias para a Austrália. O pior é que a empregada da casa é vietnamita e só sabe fazer comida com cogumelos. Ugh!

50º DIA

O último filme que meus “pais” produziram foi um fracasso de bilheteria e eles perderam tudo. Vamos ter que nos mudar para um bairro menos nobre.

62º DIA

Meu novo bairro é mais parecido com o Brasil. Só tem latino e o pessoal se enturma rapidinho, senão o carinha fica sem proteção e uma outra turma pode te detonar feio. Meus pais inciaram um novo negócio de “home delivery”.

75º DIA

Os tiras arrombaram a porta e levaram todo mundo por tráfico de drogas. Como réu primário e estrangeiro, vou ser deportado. Fiquei sabendo que meus “pais” pegaram 15 anos.

87º DIA

A Polícia Federal me pegou na descida do avião. Os tiras avisaram eles. Falei que era estudante de intercâmbio pela Vovó Mafalda Tour. Eles ligaram para lá e uma funerária atendeu.

101º DIA

Meu advogado disse que vai apelar no Supremo. Da próxima vez vou escolher um intercâmbio para o Iraque.

Jerri Dias sai em 3 anos por bom comportamento.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

DESAPARECIDO - curta

Alexandra Dias em DESAPARECIDO.


Este curta eu adorei fazer por vários motivos. O principal foi que fiquei 80% satisfeito com o produto final, o mais perto que cheguei de ficar contente com qualquer trabalho que já tenha feito na vida. E ainda tem o fato de que quase tudo deu certo nas filmagens, na edição, na finalização e o stress foi grande como sempre mas nada além do esperado. E eu ainda tive o privilégio de filmar a cena final de um helicóptero que parecia uma mosca de tão pequeno. Sinceramente, eu não sei como aquilo voa...


Bom, neste filme eu trato de uma das minhas maiores obsessões. Não vou dizer aqui para não estragar sua descoberta. Se alguém se interessar, podemos discutir depois sobre isso.

Este curta foi realizado graças ao Prêmio Histórias Curtas 2006 e ganhou o Trofeú Histórias Curtas de Melhor Trilha Sonora. Yanto Laitano foi o compositor que criou uma maravilhosa trilha de violoncelo.

Assista utilizando o navegador Internet Explorer.
Só funciona no Mozilla se você baixar vários plug-ins.

Sinopse

Mulher desperta e percebe que seu marido desapareceu. Na tentativa de encontrá-lo, descobre que todas as evidências de sua existência sumiram, até mesmo na memória das pessoas.





DESAPARECIDO from Jerri Dias on Vimeo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

CAPRICHO 934

Minha tentativa frustrada de ser o super-herói Capitão-Mico.
Caí da escada e quebrei a perna...


Ei, eu também...

QUERO SER DA GALERA!

Nome: Jerri Dias, também conhecido como O Tremendão.

Idade: Física ou Mental?

Data de Nascimento: Século Passado.

Endereço: Perto do Centro.

Cidade/Estado: Uma capital ali pro Sul.

CEP: Sei lá, nunca consegui decorar.

Telefone: Ih, cortaram semana passada.

e-mail: jerridiasarrobarotimeioupontocompontobeerre

Série em que estuda: Remando entre o 5º e o 7º semestre na faculdade.

Você estuda em colégio:

( ) particular ( )público

Olha, isso é uma coisa particular minha que eu não gostaria que se tornasse de domínio público.

Namora?

( X ) Sim, quando tenho namorada. ( X) Não, quando não tenho namorada.

Qual seu filme preferido?

Jason X, pela identificação com o personagem principal e pelas questões filosóficas que o filme aborda, tipo “Corto com facão ou retalho com serra elétrica?”

Qual sua banda preferida?

A da Sheila Carvalho. Ah, é banda de música?

Do que você gosta mais?

Eu gosto de sair para as baladas depois de assistir um bom filme onde o personagem goste de praticar esporte e depois conversar com a turma sobre como é bom ler um bom livro sobre comprar roupas com economia na loja dos outros.

Você se considera...

Feliz, normal e incompreendido graças ao meu transtorno bipolar.

Na sua opinião a CAPRICHO tinha de ser mais...

Legal com seu colunista de humor e mandar ele para uma visita à Fernando de Noronha para bolar umas piadas com tartarugas e golfinhos.

E ser menos...

Cruel com seu colunista de humor quando manda ele limpar o banheiro masculino só porquê escreveu uma coluna sem graça.

O que você acha que está errado no mundo?

Os animais não falarem. Eu acho que eles deveriam poder falar. Já pensou no papo-cabeça que você poderia ter com seus piolhos?

Jerri Dias quer ser escolhido para poder testar hidratantes na sua pele sebosa.

BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight, 2008) - crítica




Utilizando o título da graphic novel que deu a Batman o status cult-hype-in conquistado a partir dos anos 80, me perguntei se a apropriação era mera estratégia de marketing ou se o filme realmente teria ecos da magnífica obra de Frank Miller.

Deixei para ver o filme uma semana depois da febre para não pegar o cinema lotado, mas não adiantou, na segunda semana as sessões continuavam lotadas e eu já tinha sido informado por dois amigos que o filme, sim, inspirava-se nas graphic novels BATMAN – ANO UM, A PIADA MORTAL e no próprio CAVALEIRO DAS TREVAS.


Cena retirada de A PIADA MORTAL, de Moore e Bolland.


Com um custo de produção de U$ 180 milhões, em apenas 22 dias em cartaz o filme já arrecadou U$ 441 milhões, e alguns especialistas acreditam que a bilheteria pode dobrar até o fim deste mês. Apesar da bilheteria parecer uma coisa meio fútil a ser comentada em relação aos méritos infinitamente superiores do próprio filme, uma bilheteria excelente como essa garante mais poder e liberdade criativa ao diretor e aos atores principais numa provável sequência, o que é ótimo, considerando o salto qualitativo deste comparado a BATMAN BEGINS.

A trama do filme parece simples (Batman VS. Coringa), mas o excelente e complexo roteiro de David S.Goyer, Jonathan e Christopher Nolan consegue, em 2 horas e meia de filme, introduzir e se aprofundar em diversos personagens, situações e reviravoltas inesperadas de uma forma que você nunca sabe se o filme vai acabar ali mesmo ou se vai continuar. Em uma atitude corajosa, os roteiristas e o diretor Christopher Nolan decidiram que neste BATMAN, ao estilo de STAR – WARS - O IMPÉRIO CONTRA-ATACA, eles deveriam mostrar as coisas piorando, antes de melhorarem. Dessa forma, temos um filme bem mais sombrio e trágico do que o anterior, o que ajuda a recolocar BATMAN não como um super-herói, mas como um anti-herói mais obcecado em seu próprio senso de justiça do que com qualquer outra coisa.


Nolan, de terno preto, observa o ensaio de Bale para uma das cenas mais complexas do filme.


Nessa batida, o filme segue a linha psicológica de A PIADA MORTAL, de Alan Moore e Brian Bolland, que (re)conta a origem do Coringa e sua eterna luta contra Batman, desta vez, envolvendo o Comissário Gordon e sua filha Bárbara. Na graphic novel, o Coringa tenta enlouquecer Gordon usando argumentos que inspiraram os diálogos criados para o Coringa de Heath Ledger. No filme, o Coringa está sempre pregando as vantagens da Loucura contra a Sanidade, o Caos contra a Ordem e em alguns pontos ele às vezes parece ter razão, mas como aqui trata-se de um filme feito para as massas, mesmo que o vilão esteja certo em alguns pontos, o herói, no papel de autoridade instituída, está ali para dizer o contrário. Uma prova disso é um dos momentos mais emocionantes do filme, mas que também transmite uma mensagem política e falsa. Me refiro a cena dos barcos com explosivos, onde o Coringa oferece as duas tripulações a opção de explodirem uma antes da outra antes que ele mesmo aperte o botão e exploda as duas. Um barco contém 500 criminosos e alguns poucos policias enquanto o outro contém 500 civis inocentes. O senso comum diria que o barco com criminosos deveria ser sacrificado, poupando as centenas de homens, mulheres e crianças do outro barco, mas o que se vê no filme é uma discussão dos dois lados, onde finalmente um nobre criminoso decide que eles devem ser os sacrificados ao jogar o detonador na água. 


 O Coringa de Ledger é o vilão mais perturbador de todos os tempos, tal a qualidade e quantidade de nuances que o ator conseguiu imprimir ao personagem.


Sem saber disso, ainda assim, homens e mulheres no outro barco decidem generosamente também se auto-sacrificar para não matar os outros 500 criminosos. Vitória da humanidade e do homem civilizado?! Ou uma cretina mensagem política?! Eu fico com a mensagem política cretina. Porque eu até acredito que uma pessoa sacrifique sua vida por um desconhecido, mas não acredito que centenas de pessoas decidam de uma só vez que vale a pena deixar morrer seus maridos, esposas e filhos para não sacrificar um bando de criminosos. Eu não sacrificaria minha mulher, assim como acredito que (quase) nenhum espectador do filme sacrificaria seus entes queridos numa situação-limite dessas. A mensagem política: ora, o Coringa é um terrorista que está explodindo a cidade (leia-se Al-Qaeda) e os civilizados e nobres civis no barco recusam-se a compactuar com seus objetivos malucos (leia-se governo americano). Assim, você tem a Al-Qaeda explodindo e matando pessoas ao redor do mundo e os Estados Unidos lutando contra eles (Batman e a polícia de Gotham). Até aí não seria nada demais, quase todo filme americano ultimamente contém essa mensagem, mas a mais importante aqui é mostrar que americanos não matam civis “inocentes”, mesmo estes sendo criminosos. Essa mentira deve ser extremamente propagandeada ao grosso da sociedade americana, que ignora ou finge que não sabe ler, quando se sabe que os ataques americanos ao Afeganistão e Iraque já mataram 10 vezes mais civis inocentes do que os que morreram no atentado ao World Trade Center. Mas o nome dado a isso por lá é “efeito colateral”. É a novilíngua de Orwell em ação.


 Reconhecido pela Academia, Ledger foi um dos raros atores a receber um Oscar póstumo.


Mas fora essa derrapada cretina do filme, o resto todo é uma maravilha, com direito até a cenas estilo MISSÃO:IMPOSSÍVEL, com Batman agindo em Hong Kong. o Coringa é um show a parte, com Ledger entregando-nos sua derradeira e melhor performance que certamente será extremamente difícil de ser nivelada. O Coringa de Jack Nicholson nunca foi um grande desafio mesmo. Minha sugestão, que Nolan não vai ler mesmo, é que se o Coringa voltar, que chamem Viggo Mortensen. Willem Dafoe era minha opção na época do BATMAN de Tim Burton, mas hoje ele só serve se for fazer o Coringa velho do O CAVALEIRO DAS TREVAS original. Christian Bale melhorou um pouco sua performance em comparação com o filme anterior, até mesmo por conta do roteiro e o único problema continua sendo a voz gutural e carregada de raiva de seu Batman, que só funciona quando ele diz frases curtas.

Mas o verdadeiro arquiteto do caos responsável por colocar BATMAN – O CAVALEIRO DA TREVAS entre as 5 melhores adaptações de quadrinhos de todos os tempos (segundo este que vos escreve) é o diretor e roteirista Christopher Nolan (AMNÉSIA, INSÔNIA) que imprime em todo o filme um senso de decadência moral e tragédia que raramente se vê num blockbuster. Nada mau para um diretor que está apenas em seu 6° longa-metragem.
 



CAPRICHO 933


Pois é, ano passado eu fiz um monte de resoluções que não se cumpriram. Então decidi tomar...

RESOLUÇÕES MAIS MODESTAS PARA 2004!

. Colocar guaraná no champanhe para a festa render mais.

. Já que não deu pra começar a receber em dólar, garantir pelo menos um salário mínimo por mês.

. Visitar mais os amigos que tem internet banda larga.

. Como não consegui ficar nem com a Lucy Liu nem com a Daniele Suzuki, vou investir na tailandesa que trabalha na casa noturna aqui perto da minha casa.

. Usar camisinha e pegar menos DSTs.

. Como a CAPRICHO não me convidou para posar de “Colírio”, desisti da carreira de modelo.

. Comprar creme para celulite e estrias.

. Ficar bonito, rico e famoso também não rolou, então o lance é começar a pichar muros.

. Me inscrever no próximo concurso para gari da prefeitura.

. Trocar meu Corola 2003 por um Fiat Uno 89.

. Comer carne pelo menos uma vez por semana. Não que eu seja vegetariano...

. Ir à praia pelo menos um fim-de-semana durante o ano.

. Fazer supletivo e acabar o 1º Grau.

. Chegar em 2005 pesando menos de 100 Kg.

Jerri Dias foi pego roubando um peru de Natal debaixo da camisa.

COM OS PÉS NO CHÃO - conto


Eu deveria ter nove anos quando aconteceu a primeira vez. Após essa, seguiram-se centenas de outras, sendo que talvez a primeira centena tenha sido praticamente igual. Eu corria na calçada em frente à minha casa e após alguns metros me atirava no ar como se para dar um mergulho. Mas não havia piscina, apenas o chão de laje dura o qual meu corpo jamais tocava. Pois milímetros antes de tocar o chão, eu parava no ar, e levitando, ia subindo e avançando em câmera lenta pela rua vazia até chegar a altura da copa das árvores.

Alguns anos depois, encontrava-me em uma rua escura e mal iluminada com alguns amigos. Súbito, por um motivo fútil qualquer, decidi parar de caminhar e ergui-me alguns metros do chão ficando a companhar meus assombrados amigos pela altura dos postes. A partir dessa época comecei a adquirir um controle cada vez maior sobre isso. Diferentemente da minha infância, quando parecia ser levado pelo vento ou seja lá o que fosse, eu descobri que com um pensamento a lei da gravidade deixava de existir para mim e que com leves inclinações do meu corpo conseguia mudar a direção, não ficando mais limitado a voôs retos. Até mesmo a altura e a velocidade que eu conseguia atingir eram agora comparáveis as de qualquer jato. As cidades tornavam-se pontos de luz e o horizonte arredondava-se, mostrando a curvatura do planeta. Os supersônicos rasantes entre os prédios da cidade eram tantos que mal conseguia enxergar por onde estava indo.

Desse modo, como um deus, eu flutuava, voava, disparava pelos céus até que o míssil-despertador me acertasse, fazendo-me despencar pesadamente na cama.

E assim, sentindo o peso da mortalidade espalhar-se por meu corpo e mente, eu me levanto colocando os pés no chão frio e vou ao banheiro escovar os dentes.

Junho, 1999

CAPRICHO 932


Você sabia que além de prevenir AIDS e outras coisas esquisitas, a camisinha tem...


1001 UTILIDADES!

1. Lavar louça. Se faltou luva, coloque uma camisinha em cada dedo e voilá!, sua mão fica protegida de agentes químicos que ressecam e estragam sua pele.
2. Bexiguinha! Agora no verão é a época ideal. Brinque e se divirta tacando bexiguinhas nos amigos.
3. Brincos maneiros. Além de ficar um charme, os garotos vão cair em cima, achando que você topa todas.
4. Balão de festa de aniversário. É, eu sei, essa todo mundo já faz, mas tem sempre tem uma faísca atrasada que não sabe e essa coluna tem o compromisso de informar as pessoas.
5. Proteção de celular. Perdeu o plástico do celular? Não tem problema, usa camisinha. As teclas vão ficar meio melecadas, mas tudo bem.
6. Goma de mascar. Bateu aquela indesejável vontade de mascar alguma coisa e você está numa praia deserta? Felizmente você não esqueceu a camisinha. Dá até pra fazer bola.
7. Mini-aquário instantâneo para crianças. Na beira da praia sempre tem uns peixinhos indo e voltando com as ondas. Teu irmãozinho está pentelhando? Dê uma camisinha para ele pescar.
8. Fantasia de carnaval. Como tem algumas meninas que gostam de desfilar peladas nessa época, a camisinha tapando as partes estratégicas é uma saída moral e politicamente correta.
9. Borrachinha de cabelo. Bateu aquele suor e você tem que prender o cabelo? Camisinha nele. E se você tem cabelos secos, compre com lubrificante.
10. Coleção. Coleção de camisinhas demonstra experiência e sabedoria. Além de um gosto estranho para coleções....

Jerri Dias ficou de mandar as outras 991 utilidades da camisinha.