Dia 23 e 24 de maio estive numa excursão para as ruínas das Missões de São Miguel. Eu e a Xanda ganhamos ela de presente dos pais dela. Junto conosco foram a Vivian, irmã da Xanda e o Sérgio, marido dela.
Como era uma excursão de fim-de-semana, acordamos às 4:00 da manhã pra pegar o ônibus às 5:00. Ao meio-dia chegamos no belo Wilson Park Hotel em São Miguel, com boas acomodações. Pra minha sorte, consegui dormir a maior parte da viagem de 7 horas e não estava cansado como a maioria.
Depois de um almoço horrível (sim, o almoço do hotel parecia ter sido feito por alguém que nunca tinha cozinhado na vida), dirigimo-nos para as ruínas, que é um campo gigantesco, pois até meados do século XVI, os jesuítas viviam lá com quase 5.000 índios guaranis, no que parecia ser um local de relativa harmonia, descontando o fato de que os jesuítas estavam lá pra aculturar os índios à religião e modos europeus e consequentemente, torná-los mais dóceis pro Império Espanhol, que naquela época era o dono daquelas terras.
Mas em 1750, com o Tratado de Madri, aquela região foi incorporada a Portugal e foi ordenado que todas as Missões deveriam ser evacuadas. Os jesuítas e principalmente os índios, habitantes originais daquelas terras, não aceitaram. Depois de muitas negociações fracassadas, eclodiu a Guerra Guaranítica, onde os exércitos de Espanha e Portugal enfrentaram dezenas de milhares de índios.
A guerra durou 2 anos (1754 – 1756) e no fim, como você deve imaginar, quase todos os índios estavam mortos, incluindo mulheres e crianças.
Ironia cruel do destino: Na época, os jesuítas haviam pedido 3 anos de prazo para se mudarem e isso lhes foi negado porque o governo tinha pressa. A intenção em acabar com as Missões era justamente para permitir o repovoamento daquelas paragens por portugueses, coisa que só viria a acontecer mais de 50 anos depois do massacre. Triste notar que as atitudes imbecis e psicopatas dos governos mudaram pouco de lá pra cá.
Para ter uma idéia, hoje em dia São Miguel tem apenas 7.000 habitantes, apenas 2.000 a mais do que 250 anos atrás.
Já em relação às ruínas, elas são bem maiores do que eu imaginava. E é de espantar que as pessoas tenham feito toda aquele estrutura numa época onde não havia cimento, caminhões e nada das facilidades atuais. E ainda assim eles faziam prédio e igrejas mais bonitos que os de hoje. Uma pena que vândalos, gente que não tem o menor respeito pelo esforço e pelas vidas que se perderam para que aquilo fosse construído e mantido, risquem as fundações com seu nomes, numa tentativa patética e idiota de entrar para a História pela pior via possível.
Saímos de lá e fomo comer numa excelente padaria, provavelmente a melhor da cidade, que segundo fofoca da nossa guia, era de propriedade de uma mulher que casou com um ganhador da Mega-Sena. E com medo de uma janta pavorosa a caminho, o pessoal encheu o bucho de salgados e doces.
Á noite retornamos para um belo espetáculo de som e luzes, onde no meio do campo escuro e sob um céu brilhante de tantas estrelas, assistimos e escutamos uma simples mas eficiente dramatização da história do local. Com as vozes de Fernanda Montenegro e Lima Duarte, entre outros. Mas o céu estava tão lindo que eu fiquei metade do espetáculo olhando para as estrelas.
Já na janta, o cozinheiro do almoço deve ter sido despedido e trocado por um melhorzinho, pois a refeição já dava até pra repetir.
E o café foi ainda melhor, o que não era mais do que a obrigação, pois todo mundo sabe que a melhor refeição de um hotel é sempre o café da manhã!
Na volta para casa, conhecemos o seu Menezes na antiga estação ferroviária de Santo Ãngelo, agora um museu dedicado ao Luís Carlos Prestes. O seu Menezes foi telégrafo da estação e foi com grande entusiasmo e paixão que ele falou da época em que a estação funcionava. Foi a melhor aula de História de toda a excursão.
Dali passamos numa pequena mas deliciosa fábrica de chocolates artesanais, onde fomos atendido pelo simpático proprietário pessoalmente. Compramos horrores de chocolates, praticamente uma nova Páscoa!
A volta foi um pouco mais devagar, pois não consegui dormir e só li dois contos do THE KISS, um livro húngaro que estou lendo atualmente.
Aí apagaram as luzes pro pessoal assistir TV e colocaram uma cópia pirata de X-MEN 3 dublado pra passar. Como o filme é ruim mesmo, assisti, mas acho que o DVD estava ruim, pois trancava em alguns momentos e no grande final, o DVD simplesmente pulou uns 5 minutos e foi bem pro finalzinho, quando tudo já tinha acabado. E alguém ainda pediu pra desligar durante os créditos e ninguém viu o final surpresa, hehe.
Saldo da viagem: as ruínas realmente valem a pena, mas o ideal mesmo é ficar uns dias a mais pela região pra poder conhecê-la melhor, pois estou certo de que ela tem mais atrativos. E claro, não almoçar no Wilson Park Hotel. Mas se você mora perto e ainda não foi, o que é que está esperando?
E se quer saber mais, joga no Google ou assista o belo filme A MISSÃO, produção americana com direção de Rolland Joffé, com Robert De Niro e Jeremy Irons.
MOBY – Lift Me Up
E lá no fim da página você assiste esse empolgante clip desse baixinho careca vegetariano que é um dos melhores compositores de música techno do mundo. E além do mais ele é um cara muito generoso, pois já fez shows de graça no Brasil e liberou diversas músicas suas pras pessoas usarem em seus filmes sem terem que pagar. Eu adoro!