Cartaz japonês de HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX. Clique nas imagens para ampliá-las.
Eu tenho uma mania que certas pessoas podem achar uma qualidade ou defeito que me faz pegar uma certa aversão por tudo o que é falado ou popular demais. Claro que, tratando-se de cinema ou literatura, geralmente vou dar uma olhada pessoalmente, com exceção de alguns casos que já sei perdidos só de ver o trailer, como NOSSO LAR, por exemplo. Nunca li HARRY POTTER, mas acredito que os livros devam ser divertidos de ler, apesar de ter achado, por exemplo, o primeiro filme, muito fraco e chatinho. Mas resolvi acompanhar a série no cinema e felizmente, depois de mais dois filmes sem muita expressão, a série deu um salto e consegui me divertir bastante com os três últimos, que são os que Voldemort aparece. A caracterização de Ralph Fiennes está excepcional. Mas acho difícil pegar os livros dele pra ler algum dia, não porque não ache que são divertidos e tal, mas é porque já passei um pouco dessa fase de ler livros pra crianças e adolescentes... Até porque já vi os filmes e eu sempre tive uma certa preguiça de ler livros depois de ver os filmes, mesmo sabendo que são muito superiores.
O pequeno Harry e sua coruja no primeiro filme da série.
Mas o principal motivo pelo qual não tenho muito interesse em ler HARRRY POTTER é porque desde 1991 leio a série em quadrinhos chamada LIVROS DA MAGIA, onde Tim Hunter, um garoto de 11 anos, inglês, de óculos, com mãe morta e pai alcoólatra é procurado por 4 grandes magos que dizem a ele que ele será o mairo mago da Terra quando crescer e ele tem como companhia uma coruja. E mais adiante na série, ele é mandado para uma escola de magos... Soa familiar? Bem, muita gente falou que a J. K. Rowlings havia copíado a série do roteirista e escritor Neil Gaiman, mas apesar de muita gente ter insistido para Gaiman processar Rowlings, ele disse que a idéia dele também já era um misto de outros livros, filmes, lendas e que ela poderia ter usado as mesmas referências que ele pra criar o universo de Harry. E por isso nem fez questão de processo, até porque a versão dele sempre foi para adultos e a de Rowlings é para o público infanto-juvenil.
Tim Hunter enfrenta coisas piores do que Voldemort em OS LIVROS DA MAGIA.
Mas Gaiman também escreve para o público infanto-juvenil e provavelmente muitos leram ou assistiram CORALINE. Em conversa com uma leitora adolescente, ela comentou que o filme era assustador demais para crianças e concordo com ela em parte. Fui assistir com minha sobrinha e ficamos assustados e emocionados em algumas cenas mais intensas, mas eu não acho que isso tenha traumatizado qualquer criança com botões... No máximo, algumas crianças pequenas tiveram pesadelos à noite e só. O que acontece, na minha opinião, é que já faz tantos anos que ocorre uma alienação do público infanto-juvenil através de filmes açucarados da Disney e similares onde o sofrimento sempre é superficial e a morte (ou mesmo o permanecer morto) sempre é evitada a qualquer custo. Por não entrar nessa onda de tirar o leitor para retardado é que Neil Gaiman é um autor que tem respeito da crítica e do público. Ainda bem que Henry Selick, o diretor do filme apostou no conceito original, pois muitos cedem a pressões do estúdio para deixarem seu filmes mais leves. Mas com O ESTRANHO MUNDO DE JACK no currículo, não deve ter sido difícil para ele convencer os executivos de que o filme poderia manter o clima de pesadelo do livro.
A melhor animação de 2009.
Mas antes de voltar a falar de HARRY POTTER e CREPÚSCULO, eu acho que seria interessante falar que esse dois filmes se inserem dentro do meu gênero literário favorito, que também se aplica a qualquer outra arte, como Cinema, Teatro e Artes Plásticas. O gênero a que me refiro é o gênero FANTÁSTICO (que contém os sub-gêneros Ficção-Científica, Fantasia e Horror). Na literatura existem mais correntes, como o Insólito e o Realismo Mágico, mas isso fica para outra hora. Bem, HARRY POTTER e CREPÚSCULO são filmes fantásticos, mas o primeiro situa-se no gênero da Fantasia e o segundo no de Horror. Claro que desde o século XIX que esses gêneros interagem um com o outro e é muito comum encontrar filmes, livros e gibis que misturam Ficção-Científica com Fantasia ou Fantasia com Horror. E mesmo com outros gêneros mais tradicionais, como o Romance ou a Comédia.
E esses sub-gêneros podem ser divididos em categorias conforme sua época. Por exemplo, a Fantasia Contemporânea e a Fantasia Clássica. A Fantasia Contemporânea busca uma aproximação maior com a realidade e por isso mesmo, verossimilhança (aquilo que parece verdadeiro ou lógico dentro daquilo que afirma/constrói). Já a Fantasia Clássica caracteriza-se por seu tom fabulesco e seu maior exemplo são exatamente fábulas como as de Chapéuzinho Vermelho. Nas fábulas, a realidade pode ser distorcida ou totalmente ignorada ao gosto do autor. O leitor/espectador entende do principio que a realidade não se aplica neste caso e acredita que um lobo pode comer uma pessoa inteira e a mesma ser retirada viva dentro do corpo do lobo horas depois. Já em O SENHOR DOS ANÉIS, uma Fantasia Contemporânea, o autor optou por deixá-la realista no sentido de que um personagem atacado por um monstro qualquer seria o equivalente a uma pessoa ser atacada por uma fera, ou seja, o personagem fica ferido ou morre. Mantém-se assim, o laço com a realidade e a verossimilhança daquilo que ele se propôs e qualquer fato contrário tem que ser (bem) explicado para não quebrar o pacto com o leitor/espectador. Acreditar ou não na explicação vai de acordo o leitor/espectador, mas argumentos lógicos e referências em obras anteriores ou na própria tem que ser usados pelo leitor/espectador para validar a explicação que o livro ou filme oferece.
A morte e a violência são uma constante na visão de Peter Jackson sobre o universo de Tolkien.
HARRY POTTER assume um tom fabulesco ao tratar com magia, fadas e mitologia. Dessa forma, fica fácil acreditar que os tios dele continuem criando ele mesmo sabendo que ele é um bruxo, mas a autora procura não forçar a barra nesse ponto e essas sequências são curtas e a maior parte da narrativa dos livros/filmes de HARRY se passam na zona mágica ao redor de Hogwarts. O que facilita o desapego à realidade e a lógica de muitos acontecimentos.
Em HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO ocorre a primeira morte de um personagem importante. Por coincidência, ele é interpretado por Robert Pattinson.
CREPÚSCULO, por outro lado, utiliza elementos do Horror (vampiros e lobisomens) para criar um romance. Histórias de amor entre vampiros e mortais existem desde DRÁCULA e na verdade, em quase toda literatura de vampiro o amor romântico aparece em maior ou menor grau. No entanto, por se tratar de um gênero mais “realista” no sentido de que vida, sexo, violência e morte são conceitos freqüentes em narrativas de Horror, o contato com a realidade é muito mais intenso. Nesse sentido, vampiros sempre foram tratados como criaturas amorais, sedutoras e superiores ao homem em muitos aspectos. Mas que não deixavam de ser monstros justamente por matarem seres humanos para beberem seu sangue. Nesse canibalismo está o horror de ser vampiro.
Em DRÁCULA DE BRAM STOKER, de Coppola, sangue e sexo andam juntos. Como na vida real...
Ao suprimir essa qualidade básica de seus vampiros-heróis, a autora despe o vampiro daquilo que faz dele o que ele é. Ao se alimentar somente do sangue de animais, ele se torna praticamente humano em seu comportamento, já que muita gente normal por aí come carne crua.
Uma outra questão fundamental do vampiro é que na sua origem popular e muito antiga ele é uma criatura amaldiçoada por Deus ou deuses, e por isso, é obrigado a viver nas trevas. O Sol serve como metáfora da luz de Deus, que afasta o Mal, demônios e vampiros. Como isso não acontece com os vampiros de Stephenie, isso implica que eles não são amaldiçoados por Deus ou nenhuma força do Bem, porque brilhar na luz do Sol não é lá uma grande maldição... Tem muita gente que participa da parada gay que adoraria brilhar no Sol.
Maiakóvsky escreveu "gente é para brilhar". Meyer levou ao pé da letra...
E na tentativa forçada de inserir os vampiros numa realidade adolescente, a autora coloca vampiros velhos (mas com aparência de jovens) na escola, algo que não condiz com a lógica de ninguém minimamente inteligente, pois não conheço nenhum adulto em sã consciência que desejaria voltar a estudar com adolescentes ou crianças. Se eles apenas frequentassem os arredores da escola pra matar os adolescentes ou tivessem tara por adolescentes virgens, eu entenderia, mas frequentar aulas soa totalmente ilógico e burro, a não ser que fosse uma escola de monstros (o que nesse caso configuraria um tom fabulesco a narrativa e tornaria tudo mais aceitável).
Para Meyer, que é mórmom, vampiro só transa depois do casamento.
Mas como Meyer manteve um forte elo com o mundo real e fornece uma explicação ilógica (a de que vampiros mentalmente maduros querem socializar com adolescentes imaturos) que não convence quando aplicada a realidade do mundo de Edward (e que supostamente é o nosso), resta a única explicação lógica que faz parte da realidade da maioria dos autores americanos infanto-juvenis: ela fez isso por dinheiro.
Acredito que ela deve ter pensado em como fazer um novo HARRY POTTER e ficar rica... Pensando nisso chegou aos vampiros. Fazer uma escola de vampiros seria uma versão meio descarada demais e então colocar vampiros numa escola normal foi a opção para que seus vampiros pudessem conviver com adolescentes, o público-alvo de seus livros.
Vampiros de 100 anos na escola. Se Chaves estudasse ali, diria: "Ih, que burros! Dá zero pra eles!"
Para mim essa é a verdadeira realidade de Meyer e de narrativas ilógicas criadas a partir do desejo de ganhar dinheiro eu quero distância.
Para finalizar, muitos filmes fantásticos possuem erros (intencionais ou não) e não respeitam a lógica de seus universos, mas é muito raro livros fazerem isso. Crepúsculo, infelizmente, é um desses.
Cinematics são aquelas animações introdutórias ou que surgem entre um nível e outro de um vídeo-game. Esse impressionante e empolgante cinematic legendado mostra um duelo épico entre grandes super-heróis e vilões da DC Comics.
Esse jogo estará disponível on line em versão paga a partir de novembro de 2010. Como outros jogos on line, milhares de jogadores podem participar ao mesmo tempo.
Oi, geralmente não explico colunas nem nada, mas essa surgiu de uma maneira especial e tudo começou com a publicação desse mico, que na época tinha um formato diferente dos de hoje: as leitoras enviavam e eu os adaptava em forma de conto, mas mantinha praticamente tudo o que a leitora contava ou expressava no mico.Bem, segue o mico:
AMIGA SUPER-PATRIOTA
Livremente inspirado no mico de... Anônima
Fulana esperava o portão do colégio abrir junto com a amiga Cicrana. Como não tinham mais fofocas pra fazer, Fulana ficou olhando ao redor até reparar em algo. Aí ela comentou: — Cicrana, olha só o tamanho daquela bandeira do Brasil naquela janela. O morador deve ser muito cafona. E aposto como deve ser baiano. — Ah, é?! Pois eu tenho uma igual na minha casa, pendurada na minha janela! Fulana ficou tão impressionada com o patriotismo e baianice da sua amiga Cicrana que não sabia onde enfiar a cara e deu um jeito de pedir para o porteiro do colégio abrir o portão que ela precisava ir ao banheiro. Provavelmente para enfiar a cara no vaso e dar descarga. Moral do mico: nunca fale mal de um patriota ou de um baiano, você nunca sabe quando tem uma praga dessas por perto.
Bem, depois da publicação desse mico, a redação recebeu diversos e-mails de baianas enraivecidas de todas as idades e a editora pediu pra eu escrever uma resposta pra elas. Eis a resposta:
Você já contou piadas de negro? Você é racista! Você já contou piadas de português e argentino? Você é xenófoba! Você já contou piadas sobre Jesus, Deus ou de padre? Você é atéia e vai para o Inferno! E se você não contou mas achou graça de qualquer uma dessas piadas, o mesmo vale para você! Mas como você é uma leitora inteligente e sagaz, você sabe que a maioria das pessoas que conta essas piadas e as que acham graça delas não são nenhuma dessas coisas. No entanto, em toda roda de piada, tem sempre aquela pessoa que não entende a piada ou só ri depois que todos já acabaram de rir. Mas em relação a última polêmica criada por algumas leitoras deste “preconceituoso” humorista, acho que qualquer criatura sensata sabe que o(a) baiano(a) é tão somente uma pessoa nascida na Bahia e criada na cultura baiana, o que não quer dizer que ela seja nem melhor nem pior do que um paulista, um gaúcho ou um amazonense, apesar de, absurdamente, a maioria dos estados brasileiros acharem-se uns melhores do que os outros. Concluindo, é claro que os baianos não são cafonas e muito menos uma praga, mas gente burra é!
E é claro, depois disso, me senti na obrigação humorística de fazer uma coluna sobre a Bahia e seus encantos... ;-)
O QUE É QUE A BAHIA TEM?
Tem as Casas Bahia, que nos deu um dos garotos-propagandas mais malas da TV brasileira!
Tem o Jorge Amado, que é idolatrado por muitos dos seus conterrâneos que jamais sequer abriram uma página de seus livros!
Tem bairrismo tão sem noção como o dos gaúchos!
Tem o mais famoso carnaval de rua do Brasil, onde todo mundo dança mijado porquê não consegue sair do aglomero e faz xixi nas calças mesmo!
Tem Axé Music, que virou uma das modas musicais mais chatas do país! Só perde para o Jota Quest!
Tem o ACM, que é a maior prova de que os políticos fazem o que querem e que a impunidade manda no Brasil!
Tem o Caetano Veloso, que faz músicas muito bacanas, mas que quando dá entrevista diz mais besteira do que este colunista!
Tem terreiro de candomblé em tudo que é canto, o que causa um transtorno pros habitantes, que tem que desviar de despachos e galinhas mortas em todas as esquinas!
Tem vatapá e acarajé, que é uma delícia, mas que deixa o turista desavisado todo cagado!
Tem a Carla Perez, que muito fez e contribuiu para a “curtura” brasileira!
Tem o Popó, que deveria virar super-herói e dar umas bolachas no ACM!
Tem o Monte Pascoal, que foi a primeira coisa que o Cabral avistou e que se não tivesse avistado, talvez hoje a gente fosse europeu!
E ainda tem gente mal-humorada e meio lenta das idéias que lê piada, não entende e fica com raiva!
Jerri Dias teve que cancelar suas férias na Bahia.
Homenagem de um fã pela morte de Christopher Reeve. Clique nas imagens para ampliá-las.
Minha intenção original era escrever apenas sobre SUPERMAN RETURNS, mas a tentação veio e como este se baseia nos primeiros dois filmes do super-herói, achei que era melhor matar 5 super-coelhos com uma kryptonita só. Então, se você gosta do personagem ou de cinema, espero que curta essa minha tentativa de falar algo relevante sobre os 5 filmes, embora eu confesso que não há muito o que falar do 3º e 4º filmes da série. Então, vamos lá, para o alto e avante!
SUPERMAN – O FILME (1978)
Cartaz do filme.
Sinopse
Jor-El envia seu filho, Kal-el, para a Terra. Criado como um ser humano normal, ele se tornará, quando adulto, o maior super-herói de todos os tempos.
O Diretor
Richard Donner (1930 - ) é um diretor americano cujo maior mérito talvez possa ser definido por seu tratamento sério e realista a filmes fantásticos como A PROFECIA, LADYHAWKE e LINHA DO TEMPO. Seu senso de realismo e preocupação com a verossimilhança em SUPERMAN – O FILME inauguraram uma nova visão sobre o mundo dos super-heróis, que até então ganhavam apenas versões infantilizadas e de baixo orçamento para o cinema.
Finalmente um Superman em que todos poderiam acreditar.
O Filme
Os acordes iniciais da trilha sonora de John Williams para este filme se tornaram tão icônicos quanto o personagem. O crescendo das notas chega a um ponto em que em seu clímax, a música parece dizer “Superman”. Eu pensava que era o único que achava isso, mas assistindo aos extras do DVD, o próprio Donner contou sobre a reação dele ao escutar a trilha: “O que foi isso? A música disse ‘Superman’?” Isso é ser gênio.
E contratar gênios para trabalhar com você, é o primeiro passo para se fazer um grande filme, e Donner soube fazer isso. Da magistral composição de John Williams, ao esperto roteiro de Mario Puzo, Robert Benton, Tom Mankiewicz e David e Leslie Newman, ao excelente elenco e ao ótimo Desenho de Produção de John Barry , a qualidade de SUPERMAN – O FILME, salta aos olhos. E ultrapassa os prédios mais altos.
A imagem de Christopher Reeve como Superman marcou gerações.
É claro, metade dos efeitos especiais do filme parecem antiquados aos nossos olhos acostumados aos CGIs da vida, mas isso é o que menos importa quando existe uma boa história sendo contada através de uma direção competente e atores que te fazem acreditar em tudo aquilo que você está vendo.
Metade das cenas de vôo de Superman eram reais. Aqui, Reeve testa seus poderes de vôo com cabos no estúdio.
A começar por Christopher Reeve, que era um ator completamente desconhecido e que se tornou mundialmente famoso graças ao duplo papel de Clark Kent/Superman. A cena do apartamento de Lois, onde ele tira os óculos e em dois segundos deixa de ser o desengonçado Clark Kent para incorporar a imponência de Superman é um trabalho corporal que deve ter exigido muito do ator para chegar àquela perfeição.
Margot Kidder faz uma Lois Lane perfeita: independente, intrépida e romântica sem parecer artificial como suas predecessoras televisivas. Vale salientar o fato de que a atriz nem sequer era uma beldade para os padrões da época. Uma mulher normal, mas com atitude, isso é o que importava para o diretor, que testou atrizes bem mais bonitas e famosas para o papel.
E Gene Hackman, com seu divertido e arrogante Lex Luthor, parece estar se divertindo muito com seu personagem. Bem, todos sabemos que os vilões sempre tem os melhores diálogos nos filmes.
O asséptico e elegante desenho de produção de John Barry para a condenada civilização de Krypton.
E a ação começa em Krypton e a primeira frase da filme sai dos lábios de Jor-El (Marlon Brando): “Isso não é fantasia.” Esse diálogo, entregue por aquele que é considerado por muitos o melhor ator do século XX, dá o recado do diretor: ele vai levar Superman a sério. E ele leva.
O primeiro ato do filme começa com uma execução (que terá repercussões no segundo filme) e acaba com uma tragédia, a destruição de Krypton. Neste ato se constrói a relação Jor-El/Deus e Kal-El/Jesus Cristo, pois Jor-El é mostrado como o mais sábio e bondoso dos kryptonianos ao enviar seu único filho para nos salvar e nos mostrar o caminho certo.
A primeira cena do filme prenuncia a trama principal da sequência.
Chegando a Terra, Kal-El é adotado por um bondoso casal de americanos (alguns críticos vira aí referência a história de Moisés) onde é ensinado a respeitar e defender as tradições, os bons valores e o modo-americano-de-vida (entenda como quiser).
Nesta idílica seqüência, vemos Kal-El crescer na figura de Clark Kent, um jovem, como tantos outros, sem saber o seu lugar no mundo e tendo que esconder seus poderes de todos. Bem, nem sempre, como nos mostra a divertida seqüência de corrida com um trem.
Sendo talvez o ponto alto do filme enquanto cinema, a bela fotografia de Geoffrey Unsworth aproveita as belas paisagens dos campos do Kansas, onde a imponência da natureza faz crescer a solidão do personagem principal. Uma edição bem pensada e poucos diálogos dão a profundidade e a sensação épica da jornada do herói que está prestes a iniciar.
Só das planíces americanas poderia vir um escoteiro como Superman.
E somente 50 minutos depois do início do filme é que temos o primeiro vislumbre do super-herói. E mesmo assim, é uma única tomada. Sua aparição de verdade só acontecerá quando o filme tiver ultrapassado mais de 60 minutos. Um esforço corajoso de Donner em tomar o tempo necessário para criar o mito dentro do filme e da mente dos espectadores e não banalizar sua presença na tela. Uma fórmula adotada por quase todos os filmes de origem de super-heróis desde então. Embora só CONAN, O BÁRBARO (1982), HOMEM-ARANHA (2002) e BATMAN BEGINS (2005) tenham conseguido isso de forma efetiva.
O filme segue o ritmo que a história necessita. Clark entra na Fortaleza da Solidão...
Em seu terceiro e último ato, o filme assume uma atmosfera mais leve e divertida, já que a existência de Superman em um mundo sem outros super-heróis é tratada de forma semi-realista e abre espaço para diversos super-feitos ingênuos e bem-humorados, como ver a cor da calcinha da repórter Lois Lane através da visão de raio-x ou largar um enorme barco cheio de criminosos em frente à uma delegacia.
As primeiras pessoas a verem Superman são um gigolô e suas prostitutas. Superman não confronta o mundo real...
A kryptonita pega quando Lex Luthor, “uma das maiores mentes criminosas do planeta” (segundo ele mesmo), assessorado por uma loira burra (Valerie Perrine) e um gordinho estúpido (Ned Beatty) tomam o controle de dois mísseis nucleares com a intenção de afundar a Califórnia provocando o maior terremoto de todos os tempos. Os motivos de Luthor são um tanto bobos, mas seu plano original é esperto.
Superman ergue a falha tectônica de San Andreas. Referência a Atlas.
A partir desse momento, Superman deixa de brincar de escoteiro e vai realizar coisas realmente sérias, onde um show de efeitos especiais empolgantes e a serviço de uma narrativa e não o contrário, dão a dimensão certa ao mito. E a tragédia final e a cena da ressurreição são mais uma referência aos milagres de Cristo.
Ao final, o espectador deixa o filme com uma sensação de leveza e com uma vontade danada de voar, pois como dizia o slogan do filme... “Você vai acreditar que o homem pode voar.”
E ele realmente voa.
Com um custo de produção na casa do 55 milhões de dólares (5 vezes mais que o primeiro STAR WARS), o filme rendeu 300 milhões nas bilheterias do mundo inteiro.
Nos créditos finais já se anunciava a vinda de SUPERMAN II..., afinal os dois filmes haviam sido rodados ao mesmo tempo. Ou quase isso...
Trailer
SUPERMAN II (1981)
Cartaz do filme. Cumpre o que promete.
Sinopse
Ao mesmo tempo em que Superman sacrifica seus super-poderes para ficar com sua amada Lois Lane, três criminosos kryptonianos chegam à Terra e rapidamente se tornam ditadores supremos.
O Diretor
Richard Donner dirigiu grande parte de SUPERMAN II antes de ser despedido pelos produtores Alexander e Ilya Salkind. Richard Lester (1932 - ), um diretor britânico com bons filmes no currículo, como 20.000 LÉGUAS SUBMARINAS e OS TRÊS MOSQUETEIROS, assumiu o restante das filmagens.
O Filme
A versão original de SUPERMAN II nunca será vista pelos fãs, pois as duas que existem, tanto a de Lester quanto a de Donner, carecem de cenas que nunca foram filmadas.
O principal do filme segue inalterado nas duas versões: Zod, Ursa e Non.
Culpa exclusiva dos produtores, que com sua constante pressão sobre Richard Donner para cumprir prazos provavelmente absurdos devido ao fato de estarem lidando com uma produção com uma magnitude além de sua compreensão (efeitos especiais inovadores, tratamento realista de um super-herói e um cineasta com visão), demitiram Donner com 70% do segundo filme pronto e chamaram Richard Lester para completar e redefinir o que faltava.
A versão de Lester cortou várias cenas filmadas por Donner, adicionou a seqüência dos terroristas na Torre Eiffel, a do Hotel na Cataratas de Niagara, entre outras, além de diversas inserções de cenas cômicas. A maioria no estilo pastelão: pessoas levando tombos, perdendo a peruca... nada de humor muito inteligente.
O triunfo de Zod na Lua diz a que ele veio.
Apesar desta não ser a versão pretendida por Donner, ela funciona, pois agrada tanto os fãs do herói quanto aos espectadores que querem ver um filme de aventura divertido./
O filme começa com a extraordinária abertura de John Williams acompanhando um clip retrospectivo do filme anterior. Só isso já valia a entrada no cinema...
Quase todo o elenco original está de volta, com exceção de Marlon Brando na Fortaleza da Solidão, estranhamente substituído por Susannah York (Lara-El).
Superman, apaixonado, decide ser um humano normal. Idéia muito utilizada nos quadrinhos dos anos 60 e 70.
O super-vilão General Zod (interpretado com arrogância e empáfia pelo excepcional Terence Stamp), acabou se tornando uma das maiores ameaças na mitologia de Superman em qualquer mídia depois deste filme. A cena em que o presidente americano se ajoelha diante dele dizendo “My God.” (Meu Deus) e é corrigido por ele, dizendo “Zod” dá o tom megalomaníaco do vilão e é também a melhor piada do filme
Zod senta na cadeira do presidente americano. Dominado os EUA, não precisa dominar mais nada.
Gene Hackman tem as falas mais debochadas e engraçadas do filme novamente e todas suas cenas foram filmadas sob a direção de Donner, pois ele recusou-se a filmar com Lester após Donner haver sido despedido.
Quando assisti ao filme no cinema, com 13 anos de idade, fiquei completamente enlouquecido com a batalha da cidade, onde pela primeira vez se pode ver uma luta de super-seres com um realismo bastante razoável. Claro, nenhum civil inocente morre no meio da batalha arrasadora no meio da cidade, afinal, este ainda é um filme do Superman. Uma pena que a batalha final mesmo tenha sido um pouco anti-climática comparada com a batalha anterior, mas a derrota humilhante de Zod é catártica o suficiente para relevar este fato.
Também me chamou a atenção que em uma das 6 sessões que assisti na época, Superman foi estrondosamente vaiado pela platéia ao aparecer voando com a bandeira americana. Com 13 anos e sem sacar quase nada de política, só anos mais tarde fui perceber que aquele ano marcara o fim da ditadura brasileira patrocinada pelo governo americano e que um grande ressentimento ainda estava muito vivo e presente entre pessoas cientes da realidade política nacional. Duvido que o mesmo aconteça novamente no filme do Capitão América, que deve estrear em 2011. Já no Oriente Médio, acho que pode haver um pouco mais que vaias...
A defesa da verdade, justiça e do modo americano de vida nem sempre é bem visto em outros países...
Mas voltando ao herói da DC Comics, para conhecedores dos quadrinhos, o filme incomodava um pouco mostrando Superman e seus arqui-inimigos utilizando alguns super-poderes nunca antes descritos nos quadrinhos, especialmente o absurdo “super-beijo-apaga-memória”. Como se eles já não possuíssem poderes suficientes...
A versão de Donner, editada por Michael Thau, é mais séria, não contém as sequências extras adicionadas por Lester e nem as piadinhas bobas.
O filme começa mostrando uma das seqüências finais de SUPERMAN – O FILME, onde Superman joga um dos mísseis nucleares no espaço e esse míssil é o responsável original pela libertação dos criminosos kryptonianos de sua prisão na Zona Fantasma.
Os atos do primeiro filme tem consequência no segundo. Roteiro redondo que só se percebe na versão de Donner.
Além dessa, diversas outras cenas interessantes nunca vistas são adicionadas, como novas cenas com Marlon Brando e uma tentativa mais desesperada de Lois Lane tentando comprovar a dupla identidade de Clark Kent.
A edição de Thau e Donner respeita o roteiro original, inclusive sem acrescentar novos poderes, mas carece de certas cenas que poderiam ligar melhor certas seqüências, mas como estas determinadas cenas nunca foram sequer filmadas, só se pode culpar novamente os Salkind.
Ajoelhe-se diante Zod! FAIL!
Custando 54 milhões, SUPERMAN II arrecadou 250 milhões no mundo inteiro. O primeiro filme foi extremamente bem sucedido no Brasil, e por causa disso, ele foi lançado aqui em dezembro de 1980, enquanto os americanos só o veriam em junho de 1981. Um hiato de menos de 2 anos entre um filme e outro, enquanto os americanos tiveram que esperar 2 anos e meio para ver o Homem de Aço voar novamente.
Trailer
SUPERMAN III (1983)
Cartaz do filme. Repare que Pryor está em primeiro plano e não é a toa...
Sinopse
Um hacker malandro - mas de bom coração - e um bilionário malvado unem forças para conquistar o mundo e destruir Superman com a ajuda de um super-computador. O Diretor
Richard Lester novamente, provando aqui que o talento de outrora se esgotara e que realmente, os créditos da direção de SUPERMAN II são de Richard Donner.
O Filme
Tudo bem que os dois primeiros SUPERMAN foram tiveram os orçamentos mais caros da época, mas qualquer um pensaria que a excelente bilheteria de ambos fosse fazer os produtores investir uma quantia similar nesta terceira parte, ainda mais contando a inflação. Mas não foi isso o que aconteceu. Seguindo uma lógica burra, os gastos com o filme devem ter sido por volta de 25 milhões, e a sovinice dos produtores fica evidente na queda de qualidade da fotografia e dos efeitos especiais. Ainda assim, o filme fez 100 milhões ao redor do mundo, menos da metade da renda do segundo filme, mas ainda assim, acabou sendo a 5ª melhor bilheteria daquele ano.
A contratação de Richard Pryor, um dos melhores comediantes da época, para Superman III deixou alguns fãs preocupados e não foi sem razão. De acordo com o próprio Christopher Reeve, o diretor Lester fazia de tudo para que Pryor pudesse ter qualquer tipo de cena engraçada quando as câmeras estivessem rodando.
Esse SUPERMAN III já inicia sem os belos e majestosos créditos inicias que davam a importância épica do personagem. Foram substituídos por créditos mais simples que eram apresentados junto com uma seqüência pastelão envolvendo diversos acidentes com os habitantes de Metrópolis. Bons para uma comédia sessão da tarde, mas um péssimo começo para um filme do Homem de Aço.
Superman recebe uma kryptonita de um falso general (Richard Pryor). O comediante que acabou com a graça do herói.
O roteiro de Davie e Leslie Newman não fica melhor, com metade do roteiro do filme sendo dispensado às trapalhadas de Richard Pryor, a grande maioria sem graça alguma.
Os únicos dois momentos em que o personagem de Reeve recebe alguma atenção real por parte dos roteiristas e do diretor é quando Clark vai para Smallville e tem breves momentos com Lana Lang (Anette O’Toole, mais tarde Martha Kent no seriado SMALLVILLE), sua paixão não correspondida da adolescência e quando se torna “mau” devido a exposição de uma versão mal-feita de kriptonita verde que o divide em dois mais adiante: Um Clark Kent bom e um Superman mau. Ambos com super-poderes, enfrentam-se em um ferro velho. Nada muito inteligente ou bem feito, mas são os únicos momentos razoáveis em um filme bobo, guardas as devidas proporções.
O Superman mau usa um uniforme mais escuro. Boa sacada do figurinista. Pelo menos alguém mostrou serviço nesse filme...
Aliás, o Superman mau dos roteiristas é tão ruim que entre suas grandes maldades, estão apagar a Tocha Olímpica e endireitar a Torre de Pisa. Meda!
Pior que isso, só a patética e entediante cena final recheada de “defeitos espaciais” e que nem vou perder tempo falando sobre ela aqui.
Uma amostra da batalha final deste filme. É tão ruim qunto parece...
Uma direção burocrática e sem inspiração sobre um roteiro incipiente, esse SUPERMAN III parecia ser o fundo do poço de uma franquia que começou mais do que digna. Mas como tudo que é ruim pode ficar ainda pior, em quatro anos viria SUPERMAN IV. E tanto esse como o que viria a seguir, são filmes que só podem ser assistidos por crianças pequenas sem senso de crítica e fãs hardcore de Superman à título de curiosidade. Se você não se enquadra nessas categorias, não perca o seu tempo.
Trailer
SUPERMAN IV – EM BUSCA DA PAZ (1987)
Cartaz japonês do SUPERMAN trash...
Sinopse Superman decide livrar o mundo de todas as armas nucleares. Mas Lex Luthor cria uma criatura tão poderosa quanto Superman para impedi-lo: Nuclear Man. O Diretor
Sidney J. Furie (1933 - ) já concorreu até a Palma de Ouro em Cannes nos anos 60, mas dos anos 80 em diante, seu entusiasmo e criatividade para fazer filmes parecem ter se esgotado e esse SUPERMAN IV é uma prova inegável disso.
O Filme
Lex Luthor (Gene Hackman) e seu Nuclear Man, um ator fisiculturista qualquer.
Com a franquia indo parar nas mãos dos sovinas produtores Menahem Golan e Yoram Globus, famosos por fazerem trasheiras com Chuck Norris e cia., este SUPERMAN IV custou 17 milhões e rendeu apenas 30 milhões no mundo todo. Uma bilheteria 10 vezes menor do que a do primeiro filme. Um super-fiasco.
O que se entende completamente quando se vê o filme, com um roteiro terrível, ingênuo e bobo sendo dirigido e interpretado por pessoas que só estavam ali pelo pagamento no final do trabalho.
O filme tenta emular cenas e idéias que haviam feito sucesso nos filmes anteriores (o vôo de Superman com Lois, um super-vilão poderoso sob as ordens de Lex Luthor), mas com tudo sendo feito sem dinheiro por gente sem talento e/ou desmotivada, fica bem complicado.
Vale-tudo vagabundo na Lua...
Os efeitos são tão horripilantes que pode-se ver o grosseiro recorte da tela verde em muitas cenas e a “grande batalha na Lua” mais parece uma luta fake daqueles lutadores de ringue pulando um sobre o outro.
Um triste fim para o Homem de Aço encarnado por Christopher Reeve.
Trailer
SUPERMAN RETURNS (2006)
Cartaz do filme. Messiânico.
Sinopse
Após 5 anos no espaço investigando o que restou de Krypton, Superman retorna e tenta retomar sua vida de protetor da Terra. Mas nem todos estão contentes com sua volta...
O Diretor
Bryan Singer (1965 - ) começou sua carreira como diretor em 1988 e estourou em 1995 com o original OS SUSPEITOS, e logo foi chamado para dirigir o bacana X-MEN – O FILME, seguido do empolgante X-MEN 2. Com um ótimo currículo, e por sua estética realista e bem cuidada do universo mutante, principalmente sua preocupação com o desenvolvimento dos personagens, ele foi uma ótima escolha para dirigir o retorno do Homem de Aço.
O Filme
Após ter feito um enorme sucesso com X-MEN e X-MEN 2, Warner Bros conseguiu com que Singer abandonasse uma excelente franquia de super-heróis oferecendo-lhe o maior super-herói de todos os tempos. Um grande fã dos filmes de Donner, Bryan Singer não resistiu a tentação de dar sua visão do que é ser um alienígena que é quase um deus entre mortais.
Em mais uma referência a Atlas, Superman carrega o peso do mundo sob os braços.
Um dos objetivos de Singer com os roteiristas foi estabelecer porque Superman, com todos esse poderes, ajuda os outros. Pode ser uma pergunta besta, mas se você quer acreditar em um personagem, você primeiro tem que tentar entendê-lo e saber as razões que o motivam a ser como é. Questionar-se sobre tais coisas e não simplesmente aceitar o que está nos quadrinhos só porque está lá, é o que faz diretores como Singer e Nolan (de BATMAN) serem melhores do que o resto. Para resumir, Singer e seu colegas concluíram que Superman faz o que faz porque, como ser único que é (um alien neste planeta), sente a necessidade de ser aceito e de ter relações com o próximo, necessidade básica de qualquer ser social. Tornando-se um ditador e colocando seus desejos sobre os demais, ele não seria aceito e muito provavelmente odiado. Com isso entendido, eles poderiam trabalhar toda a mecânica de relação de Superman/Clark Kent com o resto do mundo. Ponto para Singer e equipe.
Nesse filme você acredita novamente que o homem pode voar.
Ciente de que praticamente o mundo inteiro conhece o Superman de Christopher Reeve, Singer escalou o relativamente desconhecido Brandon Routh, que além de ser parecido com seu antecessor, emulou com perfeição os maneirismos que Reeve criou para o personagem e foi mais além. Seu Clark Kent continua pateta, mas é mais humano e seu Superman continua heróico, porém mais majestoso. Mais um ponto
Todos os personagens principais originais estão lá, até mesmo Jor-El (vivido novamente por Marlon Brando graças a mais moderna tecnologia), mas todos tem um tom mais realista e sério. O Lex Luthor do oscarizado Kevin Spacey continua com ótimas falas, mas desta vez ele é mais cruel e cínico do que a versão de Hackman.
Um Lex Luthor mais cruel para os tempos que correm...
As cenas de ação são magníficas e empolgantes, respeitam as leis da física e tudo o mais. Temos romance, intriga, humor, catástrofes e tudo o que se tinha nos outros, entretanto o filme não agradou ao grande público. O que houve?
Para os grandes estúdios americanos, se um filme não se paga dentro das bilheterias do mercado doméstico (EUA e Canadá), ele é considerado um fracasso. Isso explica o fato de SUPERMAN RETURNS, ter tido sua seqüência cancelada. Isso e o fato do filme ter ficado longe de dobrar a quantia investida. Com 270 milhões de dólares de orçamento, o filme rendeu 391 milhões no mundo todo, mas apenas 200 milhões no mercado doméstico.
O alto custo de um filme com Superman sempre foi o maior inimigo da franquia.
Eu sou suspeito pra falar, pois amo esse filme, mas o conceito que Singer usou para continuar a franquia e homenagear os filmes de Donner talvez não tenham sido bem pensados sob um certo aspecto... Parece incrível, mas o que Singer fez, basicamente, foi fazer sua própria versão do primeiro filme aproveitando apenas alguns elementos dos primeiros dois filmes para não ter que explicar tudo novamente e dar um passo adiante, evoluindo as situações, da mesma forma que fez com os atores e seus personagens.
Para perceber isso, basta fazer algumas comparações:
Em SUPERMAN – O FILME, Superman chega a Terra em sua nave, passa sua infância na fazenda, apresenta-se ao mundo salvando Lois Lane de uma queda de helicóptero, passa a realizar super-feitos, vôo romântico com Lois, Lex Luthor desenvolve um plano para conseguir terra para vender, consegue kryptonita para usar contra Superman, derrota Superman e o joga para morrer numa piscina, Superman é salvo por uma mulher (Tessmacher) e impede o plano de Luthor de matar milhões erguendo uma grande massa de Terra, Lois Lane morre e é ressuscitada.
Como em SUPERMAN - O FILME, o Superman de Singer também atravessa um mar de fogo.
Em SUPERMAN RETURNS, Superman volta a Terra em sua espaçonave, relembra sua infância na fazenda, reapresenta-se ao mundo salvando Lois Lane de uma queda de avião, passa a realizar super-feitos, vôo não tão romântico com Lois, Lex Luthor desenvolve um plano para conseguir terra para vender, consegue kryptonita para usar contra Superman, derrota Superman e o joga para morrer no mar, Superman é salvo por uma mulher (Lois) e impede o plano de Luthor de matar bilhões erguendo uma grande massa de Terra, Superman é quase dado como morto, mas recupera-se (ressuscita).
Ah, sim, e também as relações Deus/Jor-El, Superman/Cristo estão presentes.
Um dos pouco pontos negativos do filme é que Superman continua preferindo proteger o dinheiro dos banqueiros do que fazer algo mais significativo. Acho que o modo americano de vida (leia-se capitalismo) vem antes da justiça e da verdade...
Basicamente a mesma história, com a grande diferença que aqui ela é melhor contada através de uma visão mais madura e que leva os personagens a evoluírem emocionalmente, especialmente com a grande novidade que Singer decidiu colocar no filme e que mostra que o clímax do filme não é a cena em que Superman salva o mundo, mas a cena em que Superman é salvo de uma vida de solidão ao descobrir que não está mais sozinho neste mundo. De qualquer forma, Singer poderia ter trabalhado exatamente os mesmos pontos sem a necessidade de reciclar tantas cenas do primeiro filme.
De qualquer forma, é mais do que louvável a decisão corajosa de Singer em dar mais valor ao drama de ser Kal-El do que a aventura de ser Superman . O pecado de Singer, no fim das contas, foi ter tentado apresentar às platéias despreparadas um Superman humano, demasiado humano.
Trailer
Agora é ir na locadora e se divertir.
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BÔNUS
COMO SUPERMAN – O FILME DEVERIA TER ACABADO
200.000 VISITAS!
E para comemorar tantas visitas, só um super-post desses! Muito obrigado a todos!
A Festa Artística Elogio da Loucura criada pelo Cabaré do Verbo é arte à granel! Vamos celebrar os palhaços, os quixotes, os malditos e os errantes.
A segunda versão traz a Temática da Loucura, evocaremos Van Gogh, Raul Seixas, Nietzsche, Qorpo Santo e os outros tantos loucos e desajustados! Mergulhe na loucura com DIEGO SILVA, FLÁVIO PERES E OS INADIMPLENTES, FRANCIS BACON TRIO, JULIO ZANOTTA, PETIT POA/RS E RAFAEL SANZIO.
Produção: Cabaré do Verbo
Dia 09 de setembro | Quinta | 21h Pé Palito Bar | rua João Alfredo, 577 Grátis até às 21h30min Após: R$ 5,00
Para conhecer os artistas e a atuação do Cabaré acesse: