SHIKASTA, de Doris Lessing
Meu primeiro contato com Doris Lessing (Nobel de Literatura em 2007) foi com este livro que peguei aleatoriamente na prateleira de livros de ficção científica em uma biblioteca. E a partir daí ela se tornou minha escritora favorita. Mais tarde descobri que também era a favorita de Caio Fernando Abreu e de muitos outros autores e intelectuais respeitados.
Já sobre o livro, Lessing o classifica como ficção espacial, pois ela trabalha os mesmos tópicos que em seus outros livros: política, filosofia, psicologia e feminismo. Ou seja, ciência não é o forte desse livro. Mas eu juro que você nem vai notar a falta disso no livro. Dotada de uma sensibilidade extraordinária para criar narrativas e personagens complexos e profundos, Lessing narra uma batalha épica entre três civilizações planetárias pela conquista de Shikasta, conhecida por nós como Terra. A conquista, entretanto, não se dá por uma invasão de naves espaciais, mas pelo recrutamento de humanos para suas respectivas causas e reencarnação de agentes alienígenas ao longo de milhares de anos para intervir na história.
A autora narra trechos bíblicos através da ótica extraterrestre, assim como grandes transformações geopolíticas aos longo dos últimos séculos e décadas até avançar para um mundo pós-apocalíptico onde os seres humanos finalmente despertam de sua confusão e letargia causada por uma dessas civilizações.
Shikasta é o primeiro livro da série de cinco de Canopus em Argos: Arquivos. Nenhum livro é uma continuação direta do outro ou possui os mesmos protagonistas, mas ocorrem algumas referências a um personagem ou evento de outro livro da série.
TIGER! TIGER!, de Alfred Bester
Nessa ficção divertida e emocionante, Alfred Bester, um dos grandes mestres do gênero, imaginou um futuro onde as pessoas podem "jauntar" (teleportar-se) até 2.000 km apenas usando o pensamento, onde os ricos se refugiam em labirintos-bunkers protegidos por assassinos radioativos e onde um pária meio burrinho é o homem mais perigoso e valioso do sistema solar porque subitamente ele dá um salto evolucionário para a corrida espacial. Lançado mais tarde com o título Estrelas: O meu Destino, este livro escrito em 1956, previu parte de nossos avanços tecnológicos e pode finalmente virar uma superprodução hollywoodiana.
2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, de Arthur C. Clarke
Um misterioso objeto retangular preto, denominado monolito, é encontrado enterrado na Lua. O monolito envia um sinal para um outro monolito gigante na órbita de Júpiter e uma equipe é enviada em uma missão para descobrir as raízes extraterrestres do objeto.
O que o filme tem de hermético, o livro explica. Quase todas as suas dúvidas são sanadas com a leitura desse clássico da FC publicado logo após o lançamento do filme de Stanley Kubrick. Sim, o roteiro e o livro foram escritos ao mesmo tempo. Embora 2001 já seja passado em nossa realidade, esse épico continua surpreendendo e empolgando a todos seus leitores.
Anos depois, graças a influência de um conto escrito pelo brasileiro Jorge Luiz Calife, Clarke retomou a saga do monolito nos livros 2010, 2061 e 3001.
O DIÁRIO DE FRANKENSTEIN, de Hubert Venables
Praticamente um fanfiction sobre o original de Shelley, o livro de Venables, supostamente aqui um reverendo que encontrou os antigos diários de Viktor Frankenstein, é tão rico de detalhes que consegue aterrorizar seu leitor ainda mais do que a obra original.
Quase um resumo de Frankenstein, mas totalmente sob o ponto de vista do cientista que ousa "brincar de Deus", a narrativa em primeira pessoa e as ilustrações elaboradas e detalhadas para nos fazer crer de que tudo foi real, colaboram para que o leitor fique completamente imerso no terror que se torna a vida de Frankenstein após dar vida a sua criatura feita de restos de cadáveres.
Um livro indispensável em qualquer estante de ficção científica ou terror.
SIMULACRON-3, de Daniel F. Galouye
Já imaginou se o mundo em que você vive não passasse de uma simulação virtual armazenada em um computador simplesmente para fins de pesquisa de opinião de produtos comerciais e entretenimento de pessoas reais?
Achou muito clichê e já viu isso em vários filmes? Pois em 1962, quando Simulacron-3 foi publicado, poucas pessoas no mundo tinham alguma noção do que significava realidade virtual e muito menos conseguiam prever seus usos e possibilidades.
Não bastasse Galouye escrever um livro 40 anos antes do termo realidade virtual se tornar uso comum para quem acessa a internet, a obra ainda guarda uma narrativa de suspense quando pessoas reais e seus simulacros virtuais começam a ser assassinados por conta de um segredo que não pode ser revelado.
Depois do sucesso de Matrix, o livro foi rapidamente adaptado para o cinema em um filme chamado 13º Andar. Infelizmente não empolga quem leu o livro.
Poster de 13º andar.
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*O objetivo desta lista não é declarar que estes são os melhores livros de FC, mas apenas salientar que eles tem méritos suficientes para estar em qualquer lista de grandes obras deste gênero.
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