quinta-feira, 5 de maio de 2011

FRONTEIRA – Crítica



O autor

Robinson Pereira é jornalista e mestre em Literatura. Leitor ávido de autores como Tom Clancy e Ian Flemming, Pereira decidiu que infiltraria-se em um gênero literário raro no Brasil, o spy fiction (espionagem). SOUVENIR IRAQUIANO, seu primeiro trabalho no gênero, foi bem recebido pela crítica.



Sinopse

Agentes do SNI (Serviço Nacional de Informações) vão a Somália prospectar urânio para o programa nuclear de Saddam Hussein, mas o Mossad, serviço secreto israelense, pretende impedir que isso aconteça. Ao mesmo tempo, uma freira brasileira em uma missão religiosa na Etiópia precisar retirar 250 crianças do país antes que elas sejam massacradas por uma milícia.

O Livro

Baseado em fatos reais, assim como seu livro anterior, FRONTEIRA tem como pano de fundo a estreita colaboração militar que a ditadura brasileira tinha com o então ditador iraquiano Saddam Hussein. Nos anos 70 e 80, militares e agentes brasileiros eram enviados ao Iraque e à Somália para colaborar com o programa militar e nuclear de Saddam. Só que nada disso passava desapercebido pela CIA e o Mossad, que acabavam envolvidos no processo.


"Isso significava pagar pequenas fortunas em propinas e subornos fragmentados, e não pagar de uma vez só para o cara que conhecemos no jantar.Desta forma, não representaríamos um Estado soberano, mas seríamos apenas quatro brasileiros obtendo uma autorização para a operação de nossa empresa de mineração no chifre da África, o que não era obrigatoriamente uma coisa estranha naqueles dias." - Piloto


Através de muita pesquisa e entrevistas com as pessoas certas, Pereira recria engenhosamente o que pode ter sido a missão dos agentes brasileiros em terras africanas. Na linguagem escolhida pelo escritor, todos os envolvidos na trama tem voz ativa na descrição dos eventos: De Kabila, um miserável minerador somali ao general Newton Luz. Dessa forma, o leitor tem uma visão ampla e pessoal de como tudo e todos se entrelaçam no aparente caos dos serviços de inteligência e contra-informação desse universo que está longe de ser glamuroso como os filmes de James Bond.

No início, o leitor pode estranhar essa opção narrativa de Pereira, ao invés do bom e velho narrador onisciente que tudo sabe e tudo explica, mas à medida em que a ação e a vida dos personagens se descortinam aos olhos do leitor, a trama toda parece mais real, crível e humana do que o habitual livro de espionagem. Em FRONTEIRA, não existem espiões que desvendam todos os segredos ou vilões que pretendem dominar o mundo, apenas pessoas que abraçam uma ideologia, uma causa ou meramente lutam pela sua sobrevivência em um mundo cruel dominado por interesses políticos e financeiros onde o que menos importa é o ser humano.


"Simplesmente havia pego a caminhonete e seguido estrada adiante, rumo ao leste, à
Somália. Era inevitável começar a encontrar os soldados etíopes, cubanos e, mais adiante,
as milícias." - Marie


Menção a fatos e locais de SOUVENIR IRAQUIANO são uma adição esperta de Pereira à trama de FRONTEIRA e ampliam a cadeia de eventos que ligam um livro à outro, mesmo cada um sendo completamente independente do outro.

Gênero pouco explorado no Brasil, Robinson Pereira será certamente reconhecido no futuro como um dos pioneiros em promover e desenvolver narrativas inteligentes sobre a história secreta do Brasil.


"Eram crianças de variadas idades, algumas tinham que ser pegas no colo para
descerem do caminhão. Enquanto fazia isso, vi alguma coisa ao longe, lá para trás. 'Vamos
logo com essa merda', pensei, comigo mesmo, me amaldiçoando por ter tão pouca
habilidade com crianças. Alguém estava vindo na estrada. Em nossa direção." - Piloto


Onde encontrar?

Novo – encomende seu exemplar diretamente com o autor através do e-mail:

textosecreto@gmail.com

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