quarta-feira, 2 de abril de 2008

O SOBREVIVENTE (Rescue Dawn, 2006)



Na sua primeira incursão em Hollywood, o veterano diretor alemão Werner Herzog se sai muito bem. Com base em seu documentário Little Dieter Needs to Fly (1997), Herzog constrói mais uma vez a saga de um homem obcecado. Qualquer semelhança com o próprio diretor não é mera coincidência. Nesse caso a obsessão se traduz na aventura de um piloto alemão naturalizado americano, Dieter Dengler (Christian Bale), em sobreviver à uma queda de avião, à selva tropical, à prisão e às torturas que lhe são impostas pelos soldados comunistas de Ho Chi Min. Numa performance admirável, Christian Bale repete mais uma vez uma metamorfose digna de O Operário, emagrecendo muitos quilos para o papel. Dessa vez, porém, os atores já chegaram muito magros no primeiro dia de filmagem, pois o filme começou a ser rodado a partir do final, e forma ganhando peso no desenrolar da película. Steve Zahn, comumente um ator cômico coadjuvante é uma grata surpresa. Apesar de manter um certo ar infantil, isso parece se dever muito mais às privações que seu personagem sofre, já que todos, durante o cativeiro, vão perdendo aos poucos suas faculdades mentais devido às torturas e principalmente à falta de comida. Jeremy Davies, esquelético, foi elogiado por seu papel, mas fora o fato da modificação física, ele repete o mesmo personagem de vários filmes anteriores. Davies parece simplesmente atuar completamente chapado. O dia em que ele mostrar um personagem sóbrio eu passarei a encará-lo como ator de verdade.

Herzog instrui Bale.

Quanto ao filme, Herzog consegue construir um filme de guerra, prisão e fuga com um mínimo de ação mas tensão de sobra. A certeza dos obcecados é o que move o personagem de Bale a acreditar que ele vai escapar da prisão e da selva que o cerca, não importa quanto ele tenha que esperar, que sacrificar ou até mesmo o que comer.

O epílogo do filme me pareceu um pouco estranho a princípio, por achar que estava vendo mais uma cena de patriotada americanóide, mas Herzog evita que o protagonista endosse tais idiotices e consegue transformar a seqüência toda numa bela homenagem à camaradagem dos colegas e à felicidade de se estar vivo.



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