O homem atravessa o deserto. Seu andar arrastado levanta pequenas ondas de pó e areia. Ele tem sede mas não se importa. Ele está cansado desse andar interminável de sua vida. Ele lembra de quando essa planície desolada era um oceano. Tudo está seco agora. O homem não tem mais lágrimas para derramar.
O homem cessa sua marcha. Ele olha para dentro do abismo. E como sempre, o abismo lhe parece bom e infinito.
O homem mergulha e o tempo se dilata. O tempo passa e apesar de todo o peso de sua consciência, o homem não cai mais rápido do que as pedras que o acompanham. O som do vento soa como ondas batendo em um rochedo. E no momento que antecedeu o choque o homem poderia jurar que sentiu cheiro de água salgada.
O volume de areia e pó que se ergue do chão dissipa-se lentamente. No baixar da poeira o homem está lá, no fundo do abismo.
Ele está ajoelhado e suas mãos mal conseguem conter o mar de lágrimas salgadas que brotam de seu rosto.
esse conto me veio bem no momento certo..gostei bastante dele ao todo, mas principalmente de alguns trechos.
ResponderExcluire eu não sei ao certo se deu errado ou não...isso é que mata o guarda! Se rolo fosse simples, o nome não seria esse, se for parar e filosofar.. :P