terça-feira, 15 de agosto de 2017

VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS - Crítica



Por Gary Dowell para o site DARK HORIZONS.

(Não contém spoilers.)

O retorno muito esperado de Luc Besson à space opera e ficção científica pop não é o pior filme de 2017, mas eu juro que ele se esforça muito para ter essa honra. Baseado na longeva série em quadrinhos, o filme tem um visual muito bonito de se olhar, mas também é um teste vazio, idiota e sem sentido da paciência do espectador.  

É um choque e uma decepção, que se ergue na forma de uma sensação ruim que surge após uma sequência de abertura  promissora e visualmente extasiante, e que lá pelo meio do filme gera uma metástase, quando se percebe que a cena dos créditos de abertura e a pequena parte de Rihanna como a dançarina  transmorfa vão ser os únicos grandes momentos do filme.




A trama - o pouco que existe - é assim: Quatrocentos anos no futuro, um planeta paradisíaco é destruído por um inesperado evento incendiário. Corta para Han Solo Diet, quer dizer, Valerian (Dane DeHaan) e sua colega/namorada Laureline (Cara DeLevigne), agentes especiais para a Federação Unida dos Humanos em uma vaga missão para recuperar um MacGuffin* e entregar para seu oficial superior, o Comandante Fillitt (Clive Owen). Desse ponto em diante, Valerian e Laureline vão gastar cerca de 90 minutos sendo atirados de um cenário à outro com um mínimo de desenvolvimento dramático, até a batalha final obrigatória.

A grande falha de Valerian é que ele não é sobre nada, no fim das contas. Mal tem uma história ali, os arcos dos personagens são quase não-existentes, e as camadas de assuntos são ignoradas largamente, o que é uma pena porque o filme cria uma oportunidade de ouro para fazer algum comentário social antes de sair vagando, distraído pelos objetos brilhantes de sua direção de arte.



Enfim, o filme poderia ter corrido melhor se os protagonistas fossem pelo menos carismáticos e divertidos, mas DeHaan e DeLevigne estão paralisados e com olho de peixe morto em praticamente todas as cenas. Provavelmente não é culpa deles; Besson mergulha fundo na magia do CGI (animação digital) como se fosse sua única chance de fazê-lo, e seus atores são enterrados debaixo daquilo que pode ser descrito como um Guardiões da Galáxia dirigido por um Willy Wonka enlouquecido.

E para completar, Valerian e Laureline são um casal genérico da tela pensados como um soldado adorável e sua bela amante de longa data; mas no entanto, a rotina "Eu-te-amo-casa-comigo/você-é-um-idiota-com-problemas-de-relacionamento" é tão truncada, estereotipada e levemente abusiva (gaslighting) que eles passam por aqueles casais insípidos e enjoados que você gostaria que levassem sua discussão na fila do mercado para bem longe.

O que sobra é um O Quinto Elemento com um orçamento muito maior e sem restrições. Entenda como quiser.

*MacGuffin é um nome genérico que se dá para um objeto que é usado para motivar o protagonista durante a trama. Ele pode ou não ter importância narrativa.

Leia a crítica original aqui.





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