Fotos: Myra Gonçalves
Em 1998, apresentei para Alexandra Dias, um livro com contos de Ray Bradbury chamado OS FRUTOS DOURADOS DO SOL.
Em 1999, O espetáculo ASSASSINO, baseado em no conto homônimo de ficção-científica de Bradbury, foi criado como projeto de graduação da atriz Alexandra Dias para o curso de Artes Dramáticas da UFRGS. Sob orientação do professor Irion Nolasco, ambos criaram um monólogo de 25 minutos onde Dias tinha em cena apenas um cubo e um uniforme branco inspirado no figurino de Eiko Ishioka para DRÁCULA DE BRAM STOKER.
O conto original, escrito em 1952, fala de uma sociedade moderna, onde todos se comunicam o tempo todo através de rádios de pulso, comerciais são projetados em nuvens, casas e utensílios domésticos se comunicam com seus donos sem parar e estado é cada vez mais vigilante sobre seus cidadãos. Especialmente sobre os não-conformistas. Isolado em uma ala psiquiátrica, o Assassino; um homem que se revoltou contra a tecnologia invasiva e opressiva e começou a destruí-la; é entrevistado por psicólogos que tentam descobrir os motivos de tal atitude.
O espetáculo foi tão bem sucedido em suas apresentações de graduação que conseguiu financiamento do FUMPROARTE para ser transformado em uma montagem profissional no ano de 2002 graças a sua crítica mordaz à uma sociedade que só viria a existir 50 anos após ter sido descrita pelo genialidade visionária de Bradbury. Desta vez, sob a real direção de Irion Nolasco, uma caprichosa produção de Jeffie Lopes, vídeos que gravei e editei para o espetáculo e uma performance arrebatadora de Alexandra Dias. Agora com 50 minutos de duração, o espetáculo contava com um cubo gigante de 2,5 metros que permanecia suspenso no alto, servindo tanto como símbolo da prisão do protagonista quanto de tela onde eram exibidos vídeos do estado totalitário e os olhares perscrutadores dos psicólogos. Com a adição de textos de Carl Solomon, Doris Lessing e outros ao texto original de Bradbury o espetáculo cresceu em tamanho, força e profundidade, garantindo seu lugar na memória de todos os que tiveram o privilégio de assistir um dos raros e inteligentes espetáculos de ficção-científica já produzidos neste país.
Os vídeos apresentados na peça.
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